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O VERÃO DA DEMOCRACIA RUBRO-NEGRA

dezembro 21, 2015

Era 20 de dezembro, véspera de verão, a estação da luz. Sem combinação prévia, em um daqueles impulsos juvenis impossíveis de serem contidos, um bando de jovens insensatos e insanos, que morava/perambulava por Nazaré, Mouraria, Tororó e adjacências no glorioso e temerário ano de 1985, decidiu pular o profundo fosso que separava o inatingível gramado das maltratadas arquibancadas da velha Fonte Nova.

Era 20 de dezembro, véspera de verão, a estação da luz. A princípio, tudo aquilo parecia uma obscura temeridade. E, quando os primeiros se atreveram a fazer a perigosa travessia, muitos olharam de soslaio, recriminando aquele ato que parecia inconsequente.

Era 20 de dezembro, véspera de verão, a estação da luz. E nós, utópicos, mesmo diante da descrença da maioria, achávamos que era possível estar perto de nosso Clube. Sim, acreditávamos que podíamos rasgar aquela linha invisível e intangível que sempre nos separa de nossos sonhos.

Era 20 de dezembro, véspera de verão, a estação da luz. E já não éramos mais apenas uns, e sim muitos. E pouco tempo depois, a nossa ousadia de enfants terribles contagiou a massa. E uma multidão incalculável se juntou a nós, cercando as quatro linhas do campo. E invadimos o estádio, a cidade, a Bahia, o mundo, e vibramos juntos com Ricky, Bigu, Ivan & companhia ilimitada. E foi a primeira vez que tive a sensação de pertencimento em relação ao Esporte Clube Vitória. Ali, misturados com os heróis do título de 1985 e muitos outros heróis anônimos, percebíamos/sentíamos que o Clube nos pertencia.

 

Pois muito bem.

Passaram-se inúmeros 20 de dezembro, muitos outros verões e continuamos a amar. Porém, era aquele amor em que o cansaço estava vencendo o cio, faltando um pedaço. Parecia pleno, mas não recíproco, carecia de um sentimento fundamental: pertencimento.

Contudo, desistir, nem desesperar, jamais. E seguimos lutando per seculae seculorum contra forças muito mais poderosas do que aquela tinhosa Catuense que derrotamos na década de 80.

No início, éramos bem poucos, muitos menos do que os jovens que começaram a histórica invasão do gramado naquela peleja ancestral. Entretanto, sabíamos que um dia chegaria outro 20 de dezembro, véspera do verão, a estação da luz, com muito mais Rubro-Negros dispotos a fazer a travessia.  E ele, o verão da democracia rubro-negra, finalmente, chegou.

É verdade que alguns românticos podem sentir falta do heroísmo de antanho. Afinal, em vez de saltar o fosso da velha Fonte Nova e correr da polícia, estávamos confortavelmente instalados no asséptico e insosso espaço lounge do que hoje se chama Arena. Contudo, sonhos não precisam obedecer a geografias.

E, neste 20 de dezembro, véspera de verão, a estação da luz, nós, utópicos, mesmo diante da descrença da maioria, provamos que é possível estar perto de nosso Clube. E, juntos, rasgamos definitivamente a terrível linha invisível e intangível que sempre nos separou de nossos sonhos.

A partir de agora, não é mais véspera, já é verão para os Rubro-Negros. O eterno verão da democracia. Acabou-se o fosso. O Vitória e sua torcida se pertencem.

COMPROMISSO INADIÁVEL COM A DEMOCRACIA

dezembro 19, 2015
2015.03.29 - diretasja (1)

Foto: Eduardo Martins. Agência A tarde

Amigos,

Neste domingo, a partir das 9h, na Fonte Nova, o Esporte Clube Vitória dará um passo fundamental para se transformar em uma instituição democrática. Finalmente, depois de superarmos diversos obstáculos, teremos a tão aguardada Assembleia Geral para mudança do estatuto, que estabelecerá as eleições diretas para presidente.

Quis o destino que a data que entrará definitivamente na História do nosso clube tenha caído exatamente no dia dedicado à comemoração da bondade. Sim, o 20 de dezembro, nos calendários comemorativos, é o dia da bondade.

É fato que, a princípio, este substantivo feminino talvez não seja o mais apropriado para designar a conquista da democracia. Existem outras palavras que combinam muito melhor, a exemplo de determinação, luta e perseverança. Porém, quis o destino que fosse no dia da bondade. Então, assim será. Portanto, sem esquecermos a combatividade, que será fundamental para assegurarmos os avanços,  estaremos lá guiados também pela generosidade, que é prima carnal da utopia e de outros sonhos inadiáveis.

Afinal, não custa lembrar que foi com a generosidade e dedicação de muitos Rubro-Negros que conseguimos reverter um quadro tenebroso em nosso clube, ancestralmente dominando por uma oligarquia que se comportava como uma casta.

Para ilustrar, recordemos que, há pouco mais de cinco anos, falar em eleições diretas no Vitória era quase sinônimo de palavrão. Os que lutavam por democracia no Leão eram vistos como ingênuos ou, pior, tachados de oportunistas, seja por dirigentes que não queriam largar o osso ou por seus escrotos porta-vozes na mídia baiana.

Pois muito bem. Depois de diversas e  constantes batalhas, inicialmente nas arquibancadas e depois furando o cerco na imprensa, finalmente o tema conquistou, em definitivo, o coração e as mentes da esmagadora maioria da torcida. E até os antigos dirigentes foram obrigados a se pronunciar sobre o tema.

Fizemos história. Fizemos e faremos. Amanhã vai ser este marco inaugural de um novo tempo. E todos vocês que estiveram juntos tem o dever (e mais do que isso, o prazer) de celebrar esta fundamental conquista.

Nos vemos na Assembleia neste domingo histórico.

Saudações Rubro-Negras e Democráticas.