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HOMILIA EM RESPEITO AOS FRACOS E OPRIMIDOS

setembro 23, 2014

Mais atrasado do que o goleiro Marcelo Lomba, só agora ocupo este impoluto espaço para resenhar sobre a peleja do último domingo, também conhecido como 21 de setembro. Antes, porém, sem longas nem mais delongas, aviso logo à praça. Caso o amigo ouvinte tenha comparecido a esta emissora, com gosto de sangue na boca, esperando que este brioso locutor achincalhe e humilhe o ex-rival do Esporte Clube Vitória, favor voltar outro dia ou sintonizar em outra estação no dial. Afinal, minha sólida formação cristã/marxista impede-me de tripudiar dos fracos. E estas sardinhas, convenhamos, são de uma debilidade ímpar.

É fato que muitos podem argumentar (não sem razão) que nossos ex-adversários são anêmicos, mas arrogantes. Porém, a afetação destas criaturas imodestas está ligada muito mais ligada a este axioma que minha finada genitora gostava de repetir do que a qualquer outra coisa. “Incutido é pior do que maluco”.

É isso. O problema deles, amigos, é exatamente de incutimento.

Seguinte foi este.

Depois que eles receberam umas bordoadas humilhantes na inauguração da velha fonte nossa, inventaram que a culpa era da antiga gestão. E mais. Que o tal o “baea democrático” não perderia para o Vitória, como se existisse um Bahia democrático, como se aquilo não fosse uma ficção, uma pantomina criada por marqueteiro para enganar incautos.

Mas, derivo.

O fato é que eles se apegaram a esta culhuda como se fosse a última tábua de salvação. E repetiam o mantra com a mesma insistência que os carros de som tocam os refrãos de pagode na praia de Boa viagem.

Como o Vitória estava (e ainda está) neste infindo descalabro administrativo, com reflexos nas 4 linhas, as sardinhas ficaram felizes por alguns meses e oito jogos. Porém, como dizia uma frase de autoajuda que ficava estampada nas paredes do Porto da Barra e que muito atribuem à vedete de Santo Amaro, “É incrível o poder que as coisas parecem ter quando elas têm que acontecer”.

E, neste último domingo, tudo conspirava para que as coisas acontecessem. Antes de tudo e de mais nada, era prenúncio da primavera, tempo ideal para entregar flores para defuntos. E o Vitória, com galhardia, seguiu a risca este ritual.

Devastadoramente superior, o escrete Rubro-Negro poderia ter imposto uma nova e antológica goleada, mas decidiu apenas recolocar as sardinhas no seu devido lugar de coadjuvante do futebol, posição que eles ocupam com denodo faz mais de duas décadas.

Noves fora o vacilo da zaga no início da partida, quando kieza (isto é nome de jogador ou de cosmético fuleiro?) fez 1 x 0, o Leão foi superior em todo o tempo. E menos de 5 minutos depois de sofrer o revés já havia igualado o marcador. O placar estava igual, mas a diferença de futebol e raça eram gritantes. O Leão encurralou completamente as sardinhas e meteu o segundo num chutaço de Luiz Gustavo, que era, até então, o jogador mais fraco, sem a mínima noção de ocupação do espaço que deveria ocupar em campo (Juan não conta. Este é um caso perdido).

 

O fato triste do domingo foi que perdi meu bolão. Como sabíamos que ia enfrentar uma ruína, botei 7 x !1. Paciência. Perdi o bolão, mas não perdi o senso de solidariedade cristão.

– Não, minha comadre, não adianta insistir. Repito o que já disse. Não vou espezinhar os mais fracos.

 

Aliás, o contrário. Estou aqui para ajudar. Por isso, informo o seguinte aos amigos que estão na zona, com dor de corno. Na Rua da Ajuda, número 39, tem uma boa loja de vinil. Lá, vocês encontrarão, ao menos, um disco de Odair José para se consolar. Caso contrário, torcida tricolor, é só voltar para vosso habitat natural na Ladeira Montanha, antes que o prefeito invente uma requalificação do ambiente e deixem vocês sem nenhuma possibilidade de abrigo.

Amém.

AVISO À PRAÇA

setembro 22, 2014

Sem longas nem delongas, o seguinte é este. Só escreverei a resenha do jogo amanhã ou quando passar a raiva. Afinal, perdi meu bolão. Botei 7 x 1  e o Vitória mete só dois num time fraco deste.

VÁ MATAR  A MÃE DO DEMÔNHO!!!

 

A VOLTA DO PRÍNCIPE DESENGONÇADO

setembro 18, 2014

Nome é destino. Este axioma é mais antigo do que o rascunho da bíblia. Aliás, por falar nas tais escrituras sagradas, reza a lenda que Abraão, na verdade, se chamava Abrão, Abram, em hebraico, que significa “Grande pai”. O problema é que o sujeito num tinha nem um filho. Então, Deus, que tudo sabe,  tudo vê e em tudo quer dar um jeitinho, inventou de consertar o erro, acrescentando mais uma letra a, transformando-o em Abraão, que corresponde ao “pai das multidões”. A propósito, conforme é de conhecimento da culta e religiosa platéia que sintoniza esta impoluta emissora, “pai das multidões” na grafia original pode ter as seguintes formas: אברהם, Avraham ou ‘Abhrāhām.

Mas, derivo.

O fato é que nome é destino, especialmente no futebol. Exemplo? Um meio de campo habilidoso jamais pode se chamar Tonhão. Quem carrega tal glória desde a pia batismal deverá percorrer as quatro linhas sempre na zaga, na zona do agrião, dando botinadas em atacantes distraídos. O time que tiver um Tonhão com a camisa 10 tá condenado à infâmia.

Derivo novamente, porém volto para garantir que, apesar de nome ser destino, um apelido, às vezes, pode mudar a sina de uma pessoa.

Sim, amigos de infortúnios, volto a falar dele, o homem, o mito, o pentelho, Willian Henrique. O sujeito tem nome de príncipe, mas biotipo e atuação daquele pirracento personagem de desenho animado. E o apelido pica pau entra na história dele exatamente para transformá-lo num herói improvável. Ao misturar plebe e fidalguia, nobreza e mass media numa mesma pessoa, temos, enfim, um cabloco cheio de pernas, de braços, com cabelos completamente malamanhados e uma vocação irremediável para santo salvador Rubro-Negro.

Na bela campanha de 2013, o referido fez 928 gols no Brasileirão, se não me engana o responsável pelo criterioso setor de estatísticas desta emissora. Este ano, talvez por conta desta estranha crise de identidade, ele tava preso em algum universo paralelo.

Ontem, porém, o sacaninha recomeçou sua saga no Vitória. Ao entrar no segundo tempo, tal e qual um raio da siribrina, seja lá que porra isto signifique, o time apático que perdia de 1 x 0 para o Fluminense, se transformou numa máquina de jogar bola, fazendo inveja até àquele time da Alemanha. Num foi à toa que Fred, ao pressentir novo massacre, não aguentou a pressão e pediu o velho e ordinário penico.

Sei que muitos aqui não acreditam em destinos e premonições, mas a melhor partida do príncipe Willian Pica Pau Henrique, Primeiro e Único, foi exatamente contra o Fluminense de Nelson Rodrigues, no Rio de Janeiro, em pleno Maracanã. Meninos, eu estava lá e vi. E chorei.

Por falar em choro e ranger de dentes, termino a homilia dando (lá ele) um conselho aos amigos tricolores. Façam urgentemente um curso de línguas, pois no clássico de domingo a madeira vai gemer em 18 idiomas e 26 dialetos. E só Willian Pica Pau Henrique sabe falar a língua dos anjos e dos 600 DEMÔNHOS.

Amém.

SOB O SIGNO DA LIDERANÇA

setembro 11, 2014

 

O ponteiro do relógio não marcava nem 21h, quando este rouco e incansável locutor decidiu ultrapassar as catracas do Parque Sócio Ambiental, Santuário Ecológico Manoel Barradas, o Monumental BARRAQUISTÃO. Os refletores ainda estavam apagados e o estádio completamente vazio, tanto literal quanto simbolicamente. Prevalecia um infame incômodo, proveniente não apenas da vergonhosa posição do time no campeonato. Era algo muito mais grave. Não havia torcida. E pior. Lá também não estava meu amigo João Sampaio, com quem frequentei aquelas arquibancadas nas últimas décadas.

Porém, depois de algumas fracassadas tentativas, havia decidido finalmente encarar e superar este difícil luto. É fato que eu já tinha visto uns jogos depois que ele se foi, mas este seria o primeiro depois desta complexa decisão. Desde sempre éramos uma dupla, desta que se forma por mágica, quando um gritava e xingava o árbitro, o outro orientava o time e vice-versa. A partir de agora, ou melhor, de ontem, eu tinha que aprender a ser só.

Felizmente, eu não estava só. Além de alguns amigos, que sempre encontro na tradicional esquina da zuada, contamos com a volta de Escudero.

Putaquepariu a categoria!!!

É impressionante como este rapaz sabe do jogo. Não é um craque formidável, não é um atacante matador, muito menos tem aquele brilho faiscante que encanta torcidas. Nada. Ou melhor, tudo. Ver Escudero em campo é como ouvir chorinho: sabemos que nada de mal vai nos acontecer. Ele joga e faz o time jogar por (boa) música.

E ontem não foi diferente.

Após chegar de uma longa viagem internacional (sorry, periferia), soube que o time Vitória estava praticando um futebol mais incompreensível do que os discursos dos candidatos a presidente, pronunciamentos estes que parecem ser redigidos por Mangabeira Unger.

Mas derivo. Derivo e volto para dizer que minha canhota organizou meu baba. Driblou, marcou, chutou a gol e, principalmente, com sua inexorável e quase silenciosa liderança, passou confiança à equipe. Até este goleiro paraguaio, que me pareceu um tremendo mão de quiabo, sentiu-se mais seguro. (Um fato notável foi que o camisa 1 no final do jogo ajoelhou e agradeceu aos céus. Pela leitura labial, deu para perceber que ele disse assim: “Obrigado, Maomé, por mandar este Messias chamado Escudero para nos salvar”).

Quem também se salvou foi Nino. Deu uma ou duas bragas, mas fez uma partida digna, assim como a deficiente zaga, que superou suas incríveis limitações. O resto do time (exceto Juan, que tem uma vontade louca de sempre  enojar o baba) cumpriu sua função, com mais ou menos brilho. Ah, sim. Vale um menção especial para Richarlyson, que abandonou sua estranha mania de dar toquinho para o lado e assumiu suas responsabilidades de coadjuvante de Escudero.

Enfim, mais do que a liderança do returno (sim, rebain de miseras, somos um dos líderes do returno), o triunfo sobre o Internacional restitui algo de sagrado ao time: a confiança de que é possível fazer diferente.

Então, é isso. A diferença para o G4 agora são de apenas 15 pontos. Recomendo a Corinthians e outras carniças que comecem a dançar com a bunda na parede pois a banda agora tem maestro que bota pra vê tauba lasca ni banda.

 

P.S.1 Por falar em madeira, digo apenas o seguinte para meus amigos sardinhescos: segure em minha laterna e balance, rebain de sacanas. Vão abanar seu carvão molhado, pois sou líder do returno.

P.S.2 E o coitado do Neto Coruja. A galera ontem no estádio estava dizendo que ele machuca mais do que Will. Vocês que são entendidos deste negócio, é isso mesmo?

 

AVISO À PRAÇA

setembro 10, 2014

Atenção, hereges.

Depois de um longo e tenebroso período, este rouco e incansável locutor decidiu que retornará ao labor nesta briosa emissora exatamente no simbólico 11 de setembro .

Aguardem e confiem.