Assim falou Nietzsche: toda convicção é uma prisão.
Pois bem. Sem querer ter a pretensão de debater filosofia com zé bigode, em verdade vos digo: pior do que o aprisionamento das certezas é o desmantelo das vis tentações.
“E o que é que o Vitória tem a ver com o peixe filosófico?”, inquere-me a saltitante Moça do Shortinho Gerasamba, tentando fazer um trocadilho com as sardinhas.
Então, já que entramos neste mar, vamos logo falar de jangada, que é pau que bóia.
Seguinte.
Há séculos, tomei a seguinte decisão: sempre ver os jogos do Rubro-Negro com o som da tv desligado para não ferir meus ouvidos com as tolices e/ou cretinices dos escrotos jornalistas baianos (desculpem-me a redundância).
Pois muito bem, digo, pois muito mal. Na fundamental peleja entre Vitória x Ceará, no último sábado, também conhecido como ontem, contrariei minha religião e decidi mexer no mute do aparelho. Mas pra que diabos fui seguir Nietzsche? Por que porra num mantive minha firme convicção de nunca ouvir estas injúrias televisivas?
PUTAQUEPARIU A METAMORFOSE AMBULANTE!!!
Nem bem ligo o som e aparece um canalhocrata falando que os times baianos lideram o campeonato…Como assim os times baianos lideram? O (deixa o artigo definido, revisor sacana) time baiano, o Vitória, lidera a competição. Já o vice…é o vice. Ouçam novamente, crianças, e propaguem esta verdade que salva e liberta. Num existe esta conversa mole de que as equipes baianas lideram. Imaginem se fosse o contrário o que é que estes desinfelizes não estariam fazendo?
Mas falemos do Leão, esqueçamos, por enquanto, as sardinhas, pois num tenho nada a ver com este peixe pequeno.
Seguinte.
Esta partida contra o alvinegro foi, simbolicamente, um resumo do que é e está sendo esta Série B. Ou seja. É um campeonato fácil de se ganhar, mas estamos tentando complicar. Nos minutos iniciais, o Leão, mortal, metendo logo dois cocos na cabeça chata dos cearenses. Porém, depois, o time entrou no ritmo de Marcelo Matos (que maresia da disgrama acomete este rapaz?) e transformou uma partida fácil, boa para fazer saldo de gols, num jogo extremamente tenso. Este é o campeonato. Fácil, mas que tá tenso igual à peleja de ontem.
Eu sei que é preciso assim um tanto de emoção para que uma conquista tenha um quê de épica, mas será que num dá para o Vitória diminuir um pouco? Vá matar a mãe do DEMÔNHO, não a mim, que sou pai, até porque ESTAMOS em agosto, mês dedicado aos genitores, e as 29 pontes de safenas deste cansado e paternal locutor já estão reclamando. E ainda nem chegamos à metade da chibança.
Mas chega de reclamar. A hora é de comemorar a liderança e de reafirmar a convicção fundamental de todo torcedor que se preza. Qual seja. Nunca mais ligar o som da TV para que os canalhocratas não tentem enojar meu baba. Deixem esta tarefa sonora para as sardinhas, que gostam de viver de ilusão. Afinal, como diria minha finada mãe: incutido é pior do que maluco. E incutido vice, deuzulivre!!!
Então, encerro agora a homilia repetindo o mantra que ressoará até o fim do campeonato. O Vitória é líder e a sardinha é…

P.S1 Muitos devem estar estranhando o tamanho da letra no texto, mas ficará assim mesmo. É que, como tratei de sardinha, tive que deixar a letra do tamanho dela. Posso fazer nada.
P.S 2 Este texto é homenagem a André Nunes, um dos maiores especialistas em Nietzsche do Largo 2 de Julho e adjacências e que ontem à noite tava comendo água na churrascaria LÍDER.
P.S. 3 Já havia fechado a budega quando um amigo me manda esta imagem sensacional dos ratos, digo, sardinhas fugindo. CLIQUEM AQUI, Ó