Só agora, passadas as regulamentares 48 horas, é possível fazer a imprescindível pergunta: que fenômeno foi aquele que assombrou o Rio Grande do Sul e uma banda de Santa Catarina no último final de semana?
Sei que, de acordo com as boas normas da argumentação, este parágrafo deveria ser usado para responder à indagação do anterior, mas fodam-se as regras argumentativas. Chuto-as para o mato que o jogo é de campeonato e faço uma nova inquirição: como foi que um bando de guris, acostumados apenas a esquentar a bunda no cimento da arquibancada, conseguiu realizar a maior revolução na história recente do futebol brasileiro, elegendo 23 comuns para compor o Conselho Deliberativo do Internacional?
Pois muito bem. Como tão alvissareiro acontecimento, que começou com uma mobilização na internet, se deu efetivamente, não sei. Mas, como diria o menino Chicó, “só sei que foi assim”. E sei também que eles mostraram que o impossível é só um desafio, conforme já haviam pichado nos muros de Paris outros e insolentes jovens. E, a partir de agora, a cartolagem velhaca vai ter que aprender a seguinte e nova lição: conviver com pessoas que nunca fizeram parte do seu reino de seres perversos. Não que estes novos sejam santos, e ninguém quer isso, mas são diferentes – o que não é pouco.
É óbvio que nem tudo que é bom para o Rio Grande do Sul é bom para a Bahia. Os gaúchos têm umas manias estranhas como chupar chimarrão e outros estranhos objetos que não valem à pena citar aqui, pois ainda há crianças no recinto neste horário. Mas, o que importa é que eles deram um belo exemplo de que podemos participar da construção de nosso clube. Cabe agora aos homens e mulheres de boa-vontade e de amor aos seus clubes seguirem a trilha.
Sei que esta convocação, como todas as convocações, soa um tanto quanto piegas e patética, mas o caminho da salvação está exatamente em não ter medo do ridículo. E olha que quem faz esta pregação é alguém com um (quase) incurável ranço pessimista. Em termos eleitorais, por exemplo, desde que me entendo por gente, isto é, por torcedor do Rubro-Negro, e lá se vão alguns séculos, guio-me pelos seguintes e sábios ensinamentos do menino Ken Livingstone: “Se eleição mudasse alguma coisa, os homens já teriam acabado com isso”.
Há cerca de um mês, por exempo, quando soube, via IMPEDIMENTO, que os tais meninos gaúchos estavam organizando a Chapa 3 para a disputa do Conselho do Inter, fiz uma cara de desprezo que é impossível reproduzir com palavras. E só não falei nada porque não queria tripudiar sobre sonhos alheios.
Porém, amigos, em verdade vos confesso: quando fiquei sabendo, pelo mesmo IMPEDIMENTO, que eles haviam conseguido…putaquepariu, que alegria do caralho!. Há tempos não sentia uma felicidade juvenil tão gostosa – talvez desde o inesquecível título de 1985, quando invadi o gramado da Velha Fonte Nova e as porra.
E, por causa da vitória dos guris gaúchos (Sim, vitória, afinal qual outra palavra para usar quando se consegue eleger 23 pessoas comuns num ambiente dominado por raposas?), mas eu dizia que por causa da vitória dos guris eu mandei às favas aquela minha convicção, aquele meu ceticismo de merda e resolvi convocar a nação Rubro-Negra a tomar o pulso da nossa história.
A eleição no Esporte Clube Vitória está marcada para a primeira quinzena de dezembro de 2010. Nela, os sócios com mais de 18 meses filiados ao clube têm direito a voto. É óbvio que o pleito aqui será majoritário, e não proporcional, praticamente inviabilizando a eleição de pessoas que não façam parte da antiga curriola. Mas, quem se importa? O que vale, a partir de agora, é seguir o exemplo dos torcedores do Inter e desafiar o impossível.
Vamos, rebáin de miséra, parem de sofrer e se lamentar. A HORA de se associar e começar a mudar a nossa história É AGORA.