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O BARRADÃO É NOSSO

junho 30, 2008

Impor respeito em seus domínios. Eis um dos pressupostos básicos para um time que quer (e vai) ser campeão. Não entendeu? Então, tentemos uma linguagem erudita: a inviolabilidade do domicílio é uma garantia constitucional. Tá lá no placar, ou melhor, no inciso XI, do artigo 5º da Constituição Federal de 1988. Ainda não compreendeu? Vamos botar um pouco mais de erudição e linguagem culta. Seguinte: um time não pode ser brocado em casa, porra.

Porém, mesmo com a proteção da Carta Magna, nos últimos anos o Vitória deixou correr frouxo. Em 2004, perdeu no Barradão para a Ponte Preta por 2 x 1 e caiu para a Segundona. No ano seguinte, não conseguiu vencer a Portuguesa (empatou em 3 x 3) e novamente desceu mais um degrau no futebol brasileiro.

Tal derrocada, entretanto, começou antes, exatamente numa data sinistramente simbólica. Em 2 de novembro de 2003, Dia dos Finados, o Rubro-Negro enfrentou o Goiás, ainda lutando por uma vaga na Sulamericana. E começou o jogo dando esperanças de que tão importante conquista não era impossível. No primeiro tempo, meteu 3 x 0 na equipe do Centro Oeste. Na segunda etapa, porém, esqueceu-se da garantia constitucional da inviolabilidade do domicílio e permitiu que, incrivelmente, o jogo terminasse 4 x 3 para o Goiás. As duas quedas consecutivas logo depois foram apenas conseqüências da covardia nesta peleja.

E o que isto tem a ver com a campanha deste ano rumo ao título? Tudo, especialmente o respeito à nossa Casa. No campeonato brasileiro deste ano estamos com 100% de aproveitamento. Sim, 100%, porque o jogo contra o Cruzeiro não pode ser considerado uma derrota, conforme já expliquei AQUI.

E a mudança de atitude do Leão fortaleceu-se mais ainda no jogo de sábado, exatamente contra o mesmo Goiás. No primeiro tempo, numa partida truncada, o Vitória fez 1 x 0. Na etapa seguinte, cada jogador disputou e defendeu cada palmo do sagrado solo do Barradão como se fosse seu lar. Resultado: 3 x0 e a reafirmação da convicção de que o Barradão é nosso.

Tal apropriação do espaço nas quatro linhas reflete-se também na arquibancada. Faz muito tempo que a torcida não joga em total sintonia com o time, cobrando, mas principalmente compreendendo, apoiando e vibrando de forma espetacular mesmo nos naturais percalços de uma partida.

É por isso que reafirmo a PROFECIA de que este ano ninguém não tem pra ninguém, pois, além de outros fatores já citados aqui nesta tribuna, esta tomada de consciência da posse do Estádio por parte dos jogadores e dos torcedores só reforça a tese da conquista do inédito título.

Segura a Bahia, Gilberto Gil.

É incrível o poder que as coisas parecem ter quando elas têm que acontecer

junho 24, 2008

Algumas doses de falsa erudição e de licor de jenipapo talvez não façam tanto mal neste período junino. Assim, peço licença para não saltar a  fogueira dos clichês e começar citando um que já se tornou clássico e é atribuído a Caetano Veloso. Recebam.: “É incrível o poder que as coisas parecem ter quando elas têm que acontecer”.

Somente este otimista axioma (recebam, sacanas, um axioma pelas caixa dos peito) para explicar a conjunção de energias positivas e resultados idem para o brioso Rubro-Negro neste último fim de semana.

Primeiro, o jogo no Barradão. O Vitória tinha tudo para golear o Inter, mas felizmente não o fez. Sim, felizmente, porque se o time de Vagner Mancini tivesse metido três ou quatro na equipe gaúcha, o salto de Luís XV se tornaria um chinelo perto daquele que  certos jogadores rubro-negros iam calçar na partida seguinte. Então, aquele  2 x 1, com todo o sofrimento desnecessário, foi mais do que providencial para a caminhada rumo ao título.  

E por falar na próxima peleja e na caminhada rumo à conquista, o melhor resultado veio exatamente do adversário de sábado. Quem, em sã consciência, acreditaria que o Goiás iria chegar na Vila Belmiro e aplicar 4 x 0 no Santos, senão com o auxílio luxuoso do “incrível poder que as coisas parecem ter quando elas têm que acontecer”?  

Foi, repito, o melhor resultado da rodada para o Vitória. Caso tal milagre não tivesse ocorrido, provavelmente iríamos assistir ao Rubro-Negro ressuscitar mais um defunto. Porém, definitivamente, o Sobrenatural de Almeida decidiu atuar do nosso lado este ano.  

PALAVRA DE TORCEDOR

junho 19, 2008

 

A Bahia e uma banda de Sergipe são testemunhas de que, desde o início deste impoluto blog, tenho me pautado por orientações e dados estritamente técnico-científicos. As abalizadas análises sobre os jogos do Esporte Clube Vitória só vão ao ar aqui depois que recebem o certificado de imparcialidade do rigoroso Conselho Editorial desta emissora. O plantão é rigoroso. Sopa de tamanco.

 

Hoje, porém, abro uma exceção e falo apenas como torcedor. No próximo domingo, o Rubro-Negro tem que derrotar o Internacional de qualquer maneira. Na tora. E digo isto não por algum ódio ancestral do time gaúcho, mas por uma causa muito mais nobre.

 

Seguinte.

 

Ontem, o técnico Vagner Mancini tomou a decisão mais sábia desde que chegou ao Barradão: não  conceder mais entrevistas à, com o perdão da má palavra, FM Transamérica. A princípio, alguns podem não ter a dimensão deste ato, mas em verdade vos digo: é a atitude mais corajosa, sensata e digna dos últimos tempos no pebolismo baiano. Serve para dar um basta à escalada de humilhações e sacanagens que a referida FM vinha promovendo com a complacência/omissão de dirigentes, jogadores, técnicos e boa parte dos torcedores.

 

É lógico que ninguém aqui é insano de não aceitar críticas. Elas são parte do processo, inclusive as mais fortes e duras. O que não se pode admitir, e foi isso que Mancini deixou claro, é o desrespeito. E desrespeito não só aos profissionais, mas principalmente ao futebol. Aliás, um amigo meu diz que o problema daquele pessoal não é apenas falta de conhecimento sobre o ludopédio, a questão é de outra ordem: eles, na verdade,  não gostam de futebol.  O esporte deles é outro. 

 

Em busca de audiência a qualquer custo, criam falsas polêmicas, agridem a honra alheia, praticam as mais diversas aleivosias e…desestabilizam os times. Uma chibança sem fim, que até então era tolerada por um vergonhoso medo. Mancini resolveu dar um basta. E resolveu muito bem. Se ele já não tivesse sido campeão baiano, só esta atitude já pagaria o ingresso.

 

E é por isso que o Leão não pode tropeçar diante do Inter para não dar munição aqueles franco-atiradores. Cada jogador tem que jogar tem que correr por dois – menos Ney, que se ficar debaixo dos paus (lá ele) já tá de bom tamanho.

 

Além da alegria pelos três pontos, este triunfo ajudará também a afastar umas carniças que não sabem porra de nada de bola e ficam nas arquibancadas repetindo as aleivosias dos referidos radialistas, os tais torcedores amigo-ouvintes.

 

Portanto, não há outro resultado aceitável domingo, senão uma Vitória convincente para mandar os malditos embora.  

Afinal, ninguém quer que os urubus voltem a sobrevoar o Parque Sócio-Ambiental. 

No meio do caminho tinha um bandeirinha

junho 16, 2008

 

Agora, passadas as regulamentares 48 horas, já é possível fazer a imprescindível e retórica indagação que inquieta todo o país desde a noite do último sábado: que bandeirinha feladaputa é aquele, rapaz? Antes que vocês respondam, emendo logo outra pergunta: onde é que estava a Polícia Federal que, vendo as estripulias daquele catarinense, não tomou uma providência?

 

Por muito menos, já vi muitas pessoas sendo algemadas e indo dormir no xilindró.

 

No primeiro lance, pensei que ele estivesse com algum problema no braço. E achei que uma fisioterapia no Hospital Sarah Kubitschek pudesse ajudá-lo. No segundo impedimento inventado, continuei generoso, e ainda acreditava no tratamento. Porém, naquele último lance em que três, repetindo, três jogadores do Coritiba davam condições de jogo para o atacante do Vitória e mesmo assim ele levantou a bandeira, cheguei à conclusão de que a vocação para o delito não se conserta em nenhum hospital, nem mesmo os mais sofisticados.

 

Para curar aquele salafrário, só conheço um remédio: uma surra de cansanção misturada com urtiga e carrapicho.  

 

E, antes de encerrar este breve desabafo, pergunto mais uma vez: que bandeirinha feladaputa é aquele, rapaz?

Feladaputa e surdo –  porque mesmo com a quantidade e qualidade de impropérios que  enviei à sua (lá dele) genitora, ele permaneceu impassível.   

 

 

P.S. Amanhã, se a porra desta virose der uma folga, farei a tradicional e abalizada análise sobre os 90 minutos nas quatro linhas. Mas, por último, me respondam uma coisa: que bandeirinha feladaputa é aquele, rapaz?

MOQUECA LEVA DENDÊ

junho 9, 2008

 

Nas últimas 23 horas, 14 minutos e 38 segundos, permaneci absorto (recebam, sacanas, um absorto pelas caixa dos peito) refletindo sobre um tema da mais alta relevância para o futuro sócio-político-econômico e cultural do Brasil: a atuação do Esporte Clube Vitória diante do poderoso Santos de Pelé, bicampeão mundial, no Parque Sócio-Ambiental do Barradão.

E, sem mais delongas e hesitações, inicio e termino este segundo e curto parágrafo informando que, para continuar rumo ao título, a equipe Rubro-Negra precisa se livrar, com urgência, da SAGB.

Aos que desconhecem o significado da sigla acima, informo: Síndrome de Atendimento dos Garçons Baianos.

E em que consiste tal síndrome? Pergunta-me a aflita torcedora.

Seguinte.

Depois de uma acurada pesquisa, cheguei à conclusão de que existem três tipos de atendimento nos estabelecimentos comerciais: os que atendem bem; os que atendem mal e os que atendem baianamente.

Para explicar melhor como trabalha os integrantes desta última categoria, relato o seguinte episódio. Dia desses, um amigo foi a um restaurante de comida típica e pediu uma moqueca de robalo, a especialidade da casa. O garçom, baiana e prontamente, rebarbou: “Peça não, véi”. Meu camarada insistiu: “Mas, não é a especialidade da casa? Não tá gostosa?”. E o atendente fulminou: “É sim e tá muito boa, porém dá um trabalho da zorra”. E convenceu o cliente a apreciar uma porção de agulinha.

Pois muito bem.

No último domingo, o Vitória se comportou exatamente como o referido garçom. Depois de um primeiro tempo primoroso, anunciando que poderia servir uma deliciosa moqueca de peixe, com bastante dendê, o time acabou oferecendo apenas um prato de segunda qualidade. O time parecia repetir o mantra do tal garçom. “Ganhar e jogar bem dá um trabalho da zorra”.

É fato que, assim como a agulinha matou a fome de meu amigo, o triunfo também saciou nosso apetite por três pontos. E, graças aos céus, a Viáfara e a minha zaga, as espinhas da refeição paulista não furaram nossa garganta. Assim, ainda podemos gritar e exigir uma alteração no cardápio (postura da equipe) para o próximo sábado contra o Coritiba

Estranhas coincidências

junho 6, 2008

Volto a esta tribuna para reafirmar um velho clichê: o futebol tem mistérios insondáveis. E digo isso não somente por meu tradicional apreço às frases feitas, mas porque, realmente, o mundo do ludopédio sempre apresenta situações surpreendentemente inexplicáveis.

 

Recentemente, por exemplo, o menino Ernandes NaManha Pereira, disse-me que viu um singelo texto meu (VIBREM, PUTAS) numa dessas comunidades de relacionamento virtual. Até aí, tudo bem. Acontece que os rabiscos estavam assinados por um rapaz de prenome Maicon.

 

Ainda de acordo com informações do meu amigo, a única palavra diferente estava no título (Ele trocou PUTAS por HERVÍBOROS). O resto era uma cópia exata, inclusive pontos, parágrafos, falta de estilo e os costumeiros equívocos de português.

 

Cópia, vírgula, pois não acredito que exista alguém tão sem noção ao ponto de plagiar as bobagens que aqui escrevo.

 

Portanto, depois de me raciocinar todo, cheguei à conclusão de que ocorreu o seguinte fenômeno sobrenatural: Eu e o tal do Maicon tivemos as mesmas idéias, ou falta de. Só pode ter sido isso. É vero que o referido “teve as mesmas idéias” com um atraso de quatro dias. Mas, o que são quatro dias diante dos mistérios insondáveis do futebol, né não?

 

E dei o assunto por encerrado.

 

Porém, como conheço a incrível força que as coisas sobrenaturais têm no mundo do pebolismo, espero que tais coincidências não se repitam. Já conheço esta lógica maldita. No início é  um  Maicon que assina seus rabiscos. Depois, aparecem uns delinqüentes e resolvem  botar o nome de, com o perdão da má palavra, Arnaldo Jabor nos seus textos. Deus é mais.

 

Vade retro.  

PRIMEIRA LIÇÃO

junho 2, 2008

Um time que quer (e vai) ser campeão brasileiro tem que compreender as armadilhas da língua portuguesa. Tem que saber que apenas uma letra muda completamente o sentido de uma palavra – e o destino de um jogo. Quando o adjetivo soberbo transforma-se no substantivo feminino soberba, por exemplo, as coisas desandam. Onde havia algo admirável passa a existir somente a presunção. E foi exatamente este o pecado cometido pelo Esporte Clube Vitória no jogo de ontem contra o Ipatinga.

 

Depois de uma apresentação sublime contra o Figueirense no Barradão, o time Rubro-Negro foi vítima da tal soberba, que, segundo o Santo Agostinho, “não é grandeza, é inchaço”.

 

O ponteiro do relógio marcava apenas dois minutos quando Marquinhos deu uma arrancada pela esquerda, livrou-se do zagueiro e deixou a soberba imperar. Ao invés de tocar a bola para Dinei, que estava sozinho na grande área, ele tentou fazer um gol de placa. Bateu na redonda com a displicência dos soberbos e começou a decretar a derrota Rubro-Negra.

 

Alguns dirão que ele foi o menos pior em campo, o que não está longe da verdade. Porém, com aquele toque de menosprezo em relação ao adversário, Marquinhos propiciou a recuperação do time mineiro. Dez minutos depois, a zaga foi contaminada pela displicência e tomou um gol bisonho e de impedimento. Sim, apesar do silêncio da crônica, o zagueiro Renato, do Ipatinga, estava na banheira, quando cabeceou contra a meta do Vitória.

 

Mas, de nada adianta este choro e ranger de dentes, pois o erro principal já havia sido cometido antes mesmo da bola rolar. Na quarta-feira, dia 28, a diretoria anunciou a venda antecipada de ingressos para a partida contra o Santos, que só ocorrerá no próximo domingo. Com isso, contribuiu para a perda de foco – e acabou tropeçando na pedra mineira que estava no meio do caminho.

 

Agora, é hora de aprender a lição e ouvir este recatado conselho que dou de graça: REBANHO DE DESGRAÇA, tem que jogar com raça e respeito ao adversário – seja ele quem for. Esta é a primeira lição para a conquista do título.