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Não buzine que eu tô nordestando

janeiro 23, 2013
 

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(Editor do Impedimento)- Pessoal, Copa do Nordeste começou com bom público e times titulares. Queremos fazer uma matéria sobre isso e por que os times grandes resolveram optar pelo campeonato regional. Vocês podem nos mandar o relato pessoal a respeito disso?

(Thalles Gomes) – Só aceito escrever num ménage a trois com o CRUZ e a CRISTO. Eu fico de BARRABÁS.

(Catarina Cristo) – Em sendo assim, como dizer não? Estive sem-radio-e-sem-notícia-das-terras-civilizadas nos últimos quatro dias, enxotada da minha própria cidade por uma micareta imoral, mas vou me inteirar do Santinha e do Confiança (afinal, afinal, Sergipe é minha missão) e vamos nos falando.

(Franciel Cruz) – A propósito, o Confiança já é líder disparado da competição.

(Thalles Gomes) – Isso, Françuel, dá o pontapé inicial aí, que esse negócio de dar é contigo mesmo.

(Franciel Cruz ) – A tua bunda de caruru que é bom tu não quer dar, né boticário?

(Catarina Cristo) – Meninos, meninos, muita hora nessa calma. Deixa eu começar, então. O que eu acho que acontece com a Copa do Nordeste, fora a vaguinha na Sula (em 2014), é uma extensão dos estaduais: Enquanto da Bahia pra baixo a gente cansa de ouvir “os estaduais não valem nada”, da Bahia pra cima, é a grande oportunidade dos times levantarem uma taça. A gente entra nos campeonatos nacionais em desvantagem por motivos mil já esmiuçados no Impedimento. Vai pros Nacionais (especialmente a Série A) beliscar, mas sabendo que o jogo é outro. Nos estaduais, há chances reais de levar o campeonato, o patrocínio, a torcida e a festa toda. Taí o Santa Cruz que não me deixa mentir. É bi-campeão estadual em cima do Sport (Série B) e do Náutico (Série A), sem sequer ter saído da C.

(Thalles Gomes) – Sem falar no CRB, que, no ano do seu centenário, conseguiu ser campeão do estadual no primeiro semestre e rebaixado pra terceira divisão no segundo! Tamo pior que couro de pica, vai e volta, vai e volta, vai e volta.

(Franciel Cruz) – Lá vem o alagoano com esse papo de pica. Tira o pau da boca, xibungo!

(Catarina Cristo) – Como ia dizendo, a Copa do Nordeste pode ser (ainda não é) uma extensão disso. O campeonato, sempre intermitente, vem voltando devagarinho com a eterna promessa de ser competitivo, levar público aos estádios, aumentar a rivalidade, valorizar o futebol do Nordeste etc etc ad infinitum. Com os patrocínios e as cotas de TV garantidas, uma oportunidade de levar um título regional ninguém vai negar.

Se fosse só isso, já tava bom. E a vaguinha na Sula, como negar? É um molho no campeonato. Abre um atalho pra uma competição internacional, mais patrocínios, cotas de TV, jogos além-mar, faixas de “Rumo a Tóquio” e tudo o mais que a gente precisa pra continuar sentado na arquibancada ou de ouvido colado no radinho.

(Franciel Cruz )- Pois muito bem, pessoal, enquanto fingia que trabalhava e aproveitava para secar o time de itinga na Copa São Paulo, que tomou no fiofó contra o Goiás, rabisquei estas mal digitadas na correria. Nem passei o corretor.

(Thalles Gomes) – Deixa de frescar e desembucha de uma vez, GAL COSTA.

(Franciel Cruz) – Então, receba. Vai ser longa ( a exposição), mas vai ser cumprida. Seguinte é este. Com a implacável seriedade que toda galhofa traz consigo, os poetas Bráulio Tavares (O Raio da Silibrina) e Ivanildo Vila Nova (A Águia do Improviso) lançaram, na aurora da década de 1980, as seguintes, proféticas e satíricas prosopopeias no manifesto Nordeste Independente. Às aspas, maestro.

“Já que existe no Sul este conceito
que o Nordeste é ruim, seco e ingrato,
já que existe a separação de fato
é preciso torná-la de direito.
Quando um dia qualquer isso for feito
todos dois vão lucrar imensamente
começando uma vida diferente
da que a gente até hoje tem vivido:
imagine o Brasil ser dividido
e o Nordeste ficar independente”.

Pois muito bem. Esta independência cantada pelos trovadores esteve próxima de se concretizar coisa de vinte anos depois, no começo dos anos 2000, pelo menos na seara ludopédica, quando a Copa do Nordeste se consolidou como o torneio mais rentável e organizado dos 18 continentes.

Naquela ocasião, a festa tava bonita. Em 2002, por exemplo, a cada jogo, mais de 10 mil pessoas iam celebrar a revolução – média de público quase igual à poderosa Série A daquela época (12.886).

Porém, em 2003, o Dragão da Maldade, acá CBF, jogou areia no brinquedo. E o sonho saiu das quatro linhas direto para as barras dos tribunais. Naquele mesmo ano, pelas forças temporárias das liminares, a entidade promoveu o brioso campeonato, só que de forma totalmente esvaziada.

(A propósito, neste mesmo ano de 2003 tem início o Brasileiro de pontos corridos, que escanteia de uma vez por todos todas as aspirações de glórias dos times periféricos.)

Pois muito bem. Digo, pois muito mal. Depois de quase uma década de labuta judicial, as equipes nordestinas conseguiram a chancela da velhaca entidade para o retorno do Nordestão Independente em 2010. Porém, novamente os donos da bola enfiaram a competição num calendário malamanhado. Além disso, contaram com o auxílio inescrupuloso dos maiores times da região. Além do Sport, que boicotou o torneio, os times mais representativos não colocaram o elenco titular em campo.

Porém, agora, neste ano da graça de 2013, parece que o referido e utópico panfleto dos trovadores nordestino finalmente vai se tornar realidade. Os clubes entenderam que só têm alguma força atuando coletivamente. Assim, todos os grandes da região (sim, grandes na nossa perspectiva) decidiram prestigiar a Copa, à exceção do Náutico, que ficou fora por conta do índice técnico (Não conseguiu se classificar entre os três primeiros no Pernambucano do ano passado).

Outra notícia alvissareira nesta competição é que as cotas de TV serão distribuídas IGUALITARIAMENTE entre os 16 Clubes. Tanto o Vitória, que é penta campeão do torneio, quanto o Confiança, que nunca ficou nem entre os quatro primeiros, vão embolsar o mesmo papel de R$ 300 mil na primeira fase. (Por falar na equipe Sergipana, ela é a líder disparada da competição por saldo de gols. Meteu 3 x 0 no Fortaleza na primeira rodada ocorrida no último final de semana).

(Catarina Cristo) – França, sobre os Sergipanos, um caso especial: As vagas da Copa do Nordeste são do Itabaiana (Campeão de 2012) e do Confiança (vice). Enquanto esses times jogam o Nordestão, a federação montou o campeonato com uma tabela em que os dois só entram no Estadual no segundo turno. O tricolor estreou perdendo de 3×2 pro Bahia. Já os azulinos saíram na frente vencendo o Fortaleza por 3×0. Com essa vantagem pro Itabaiana e o Confiança, aqueceu-se a rivalidade dos azuis com o Sergipe. Rapidinho a cidade se encheu de camisas do Confiança, toda torcida se achando porque tá na Copa do Nordeste e o Sergipe, não. Enquanto isso, com os maiores rivais à distância, o Sergipe segue cumpridor no Estadual. Dois jogos, duas vitórias sem tomar gol e liderança. Para o time que foi quase rebaixado no Sergipão 2012, é uma festa. O time vai embalando e a torcida já não vê a hora do Confiança chegar pra jogar. Se era pra reaquecer as rivalidades entre times centenários, tão de parabéns também. Só hoje de manhã já vi duas camisas do Confiança na rua. Sério, a gente passava SEMANAS sem ver camisa de time daqui.

(Franciel Cruz) – Então, Catarina. A propósito, o jogo entre o teu Santinha x time do Xibungo (Santa 1×0 CRB) teve o maior público do Brasil neste final de semana. Caneta e papel na mão: 24.287 estiveram no Arruda, proporcionando uma renda de R$ 281.210,00.

(Catarina Cristo) – Por falar nisso, corresse do MENÁGE, foi, Thalles? Cadê tu?

(Franciel Cruz ) – É um sacana, essa disgrama.

(Thalles Gomes) – Como um bom voyeur, aguardei vocês botarem os SEUS pra fora pra depois meter o meu. O que é a mais pura e deslavada mentira. A verdade é que, da minha parte, não há muito o que dizer, a não ser que começar o ano perdendo pro Santinha é aquele tipo de orgulho que só os regatianos podem ter. Afinal, o maior trunfo do CRB nos últimos tempos foi ser refrão da música do Tom Zé:

E por falar no gênio de Irará, não vejo melhor explicação para o sucesso do Nordestão, e de qualquer pelada que se preze, do que as dele: “Não sobrava no tempo daqueles instantes nem um microespaço para o tédio tão comum nas cidades do interior. Tudo era intensa vida, generosa vida, tátil vida: o próprio pecado”.

(Franciel Cruz) – É por isso que nesta quarta-feira todos os olhos dos homens e mulheres de bem se voltam para a segunda rodada, que confirmará a profecia dos poetas Bráulio e Ivanildo, com cobertura completa aqui no Impedimento.

Resultados da primeira rodada.

Grupo A:
Ceará 1 x 0 ABC
Bahia 3 x 2 Itabaiana

Grupo B:
Confiança 3 x 0 Fortaleza
Sousa 1 x 1 Sport

Grupo C:
Salgueiro 1 x 0 ASA
América 1 x 2 Vitória

Grupo D:
Feirense 2 x 2 Campinense
Santa Cruz 1 x 0 CRB

O texto é uma JUNÇÃO de uns diálogos entre este rouco locutor,  Thalles Gomes e  Catarina Cristo feito a pedido do Impedimento para falar do torneio que reúne o MELHOR do Nordeste.

[MSMV] PERDEU POR ISSO

janeiro 14, 2013

Por Jean Gerbase

Assim como fez o síndico Tim Maia, nos idos de 1971, venho lhes dizer, que sou Réu Confesso: é que, sem querer, acabo comparando certas reminiscências do passado àquelas figuras que hoje convencionamos chamar de “piriguetes”: vez por outra, estas e aquelas, mesmo sem lhe darmos a menor atenção, insistem em desfilar bem ali, na nossa frente, clamando por atenção e atazanando a nossa vida. Ambas agem sorrateiramente, quando menos esperamos e no exato momento em que estamos mais vulneráveis. E o pior de tudo: sempre de tubinho preto e salto agulha.

Infelizmente, uma destas não desiste de me perseguir (refiro-me apenas às reminiscências, lógico!). Trata-se de uma expressão muito comum no passado, mas que não logrou similar nestes tempos mudernos. Um dizer que expressava certo desprezo infantil pelo comportamento alheio, uma espécie de sarcasmo inevitável, um misto de orgulho e euforia terminal.

Sejamos sinceros, quem aqui nunca aplicou um despeitado “PERDEU POR ISSO!” na jugular de um adversário? É, senhores, aquilo era realmente muito bom! Mais do que um desabafo, uma catarse; quase uma redenção: “Não quer namorar comigo? PERDEU POR ISSO! Eu não queria mesmo…”. “Caí da bicicleta? PERDEU POR ISSO! Nem doeu…(quase sempre doía pacas…)”; “Quebrei o braço e ralei a testa? “PERDEU POR ISSO! Amanhã não vou pra escola e você vai…”.

Senhores, a Assembleia Geral Extraordinária do Movimento Somos Mais Vitória, ocorrida na tarde do último dia 12, mais uma vez estampou em letras garrafais a força deste que, sem falsa modéstia, a cada dia se torna o mais importante grupo organizado de torcedores de futebol do Norte e Nordeste do país. Mais uma vez, o MSMV não decepcionou a todos os que nele vêm depositando confiança ao longo dos últimos anos. A despeito de todas as controvérsias, boatos e possíveis más intenções, ocorridas nas últimas semanas, o que se viu foi um show de democracia, transparência e respeito ao torcedor.

Sendo assim, é com muita tristeza e sincero pesar que afirmo: quem quis ver o circo pegar fogo, “PERDEU POR ISSO!”. Quem apostou num possivel “racha” do Movimento, “PERDEU POR ISSO!”, quem julgou precipitadamente os fatos e as pessoas, “PERDEU POR ISSO”, quem ateou fogo às vestes e decretou o fim do MSMV, mais uma vez “PERDEU POR ISSO!”

E perderam também, todos aqueles que não estiveram presentes ao brilhante evento. E aqui não me refiro somente à correção e imparcialidade com que foram conduzidos os trabalhos, muito menos à transmissão online, em tempo real, de todos os debates. Mas, principalmente, ao equilíbrio e maturidade demonstradas por todos os participantes, Associados ou não, a despeito da salutar divergência de opiniões.

Porém, e na vã tentativa de trazer alguma inspiração a este texto, filosofo, citando novamente nosso “eterno síndico”: “tudo é tudo… e nada é nada…”. E, tragado pela profundidade de mais esta pérola do repertório Maia, acabo por desdizer quase tudo o que acabei de afirmar. Sim, senhores. Não, senhores! Na tarde/noite de ontem, não houve perdedores. Todos ganhamos!

Naquilo que se afigurava como uma disputa ferrenha e sangrenta, ambos os lados saíram vencedores. Aliás, os dois lados, não. Os três. Ou será que eram quatro? Bom, talvez esta tenha sido a nossa maior Vitória: chegarmos JUNTOS à conclusão de que não temos dois, nem três, nem mil lados. Somos apenas 1. Somos Mais Vitória!

Todavia, e pra não dizer que não houve falhas, finalizo comentando a maior delas: a ausência do tradicional lanchinho de encerramento. Definitivamente, isto é algo que não pode acontecer, num evento de tamanha estatura. De todo modo, já deixo a minha sugestão para próxima AGE: guaraná, suco de caju e goiabada para sobremesa…

Há Braços e Saudações Rubro-Negras!