O ponteiro do relógio marcava exatamente 31 minutos e 28 segundos da etapa complementar quando senti a casa feder a homem. Que disgrama mau cheirosa foi aquela? O jogo numa murrinha da zorra e o fidumasanta do Simon decide empestear ainda mais o sagrado ambiente, inventando a porra de um penalti.
Putaquepariu a mulher do padre e do Santo André!
Para acabar de completar a chibança, o presepeiro do Marcelinho Carioca começa a pentear a criança naquele ritual macabro que normalmente termina com a bola balançando as redes. Além de tudo isso, enfrentávamos uma equipe que ainda não havia sido derrotada fora de casa. Botem mais umas duas pitadas de superstição e percebam o tamanho do vendaval assombroso e fedorento que rondava o Santuário naquele instante.
Aliás, não só naquele momento. A bem da verdade, o fudum fantasmagórico teve início bem antes, ainda no primeiro tempo. Nem bem a bola começou a rolar, rolar, vírgula, pular (como está ordinário meu gramado, meu Deus!) e umas injúrias humanas já ensaiavam críticas à equipe, numa clara tentativa de enojar meu baba…
Mas, deixemos estas carniças no lugar que eles merecem – o esquecimento – e retomemos ao momento fatal, aquele em que o ponteiro do relógio marcava aqueles 31 minutos e 28 segundos da etapa complementar e a casa começava a feder a homem. Pois muito bem. para combater tão forte adversário e tanto mau cheiro só com reza muito forte.
E foi exatamente neste instante que levei as mãos aos céus e apelei ao menino Almeidinha – o velho e bom Sobrenatural de Almeida que tem acompanhado o Rubro-Negro nesta caminhada rumo ao título. Ao ouvir minhas angustiadas orações, ele não decepcionou e largou a seguinte.
“Sêo França (sim, ele já me chama de Sêo França porque estreitamos a amizade nesta competição), fique tranquilo. Já fiz até o grande Robgol perder penalti contra nosso Vitória quanto mais um sacana deste tamanh…”.
Nem bem ele terminou a frase e o xibungo do Marcelinho chutou a bola em direção ao gol. A menina tinha endereço certo. Porém, na hora em que ia entrar, o pé de Almeidinha desviou a trajetória, fazendo-a bater de frente com a trave.
Ô, grória!
Logo em seguida, depois da graça alcançada, decidi dar um descanso ao bom Almeidinha e dirigi minhas preces a outros santos, mais especificamente os SANTOS DE CASA que não se cansam de fazer milagres neste campeonato. E eles não me decepcionaram. Menos de cinco minutos depois, Leandro Domingues cruza e Uelliton manda para o filó.
Ô, grória das grórias.
No final do jogo, Roger, brocando mais duas vezes, colaborou para espantar do Santuário os maus odores e os malditos que vão ao Parque Sócio-Ambiental apenas para atrapalhar minhas preces e orientações.
O que estes sacanas não conseguirão nunca é silenciar a população do Norte e Nordeste de Amaralina que varou a madrugada entoando o inolvidável refrão que emociona até os mais céticos.
UMBORA ALMEIDINHA, CARAJO!
P.S No próximo sábado, este religoso locutor estará na capital carioca orientando o Rubro-Negro rumo ao primeiro título nacional de uma equipe do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.