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Fragmentos de um discurso rancoroso

junho 26, 2010

Toda vez que alguém começa a resenha esportiva falando sobre signos, símbolos e outras mumunhas do gênero, escondo logo minha carteira, pois sei que ali na zona do agrião acaba de se apresentar um craque nas manhas do estelionato intelectual. Exatamente por isso, nunca dei pelota para os pseudos que tentam explicar os fenômenos da vida e do futebol (o que dá no mesmo) evocando, ainda que remotamente, simbologias e gestuais.

Putaquepariu o embromechion, chion, chion!!!

E, nestes tempos temerários de Copa do Mundo, esta raça de gente ruim grassa mais do que psicólogos no bairro de Palermo. Aliás, por falar nos discípulos de Freud, outro tipinho intragável é aquele que não consegue desenvolver uma idéia sequer do que acontece nas quatro linhas e nas casamatas sem fazer alusões ao psicologismo de botequim. E a verdade que salva e liberta é uma só: Quem recorre a estas muletas, é porque não saca nada do Ludopédio.

Putaquepariu o embromechion, chion, chion, volume dois!!!

Mas, vejam vocês que bicho traiçoeiro é a convicção. Basta um descuido e, vupt, ela escapa para o escanteio, sem remorso algum. E cá estou, após estes prolegômenos, para confessar que fui obrigado a me render a, digamos assim, tais ferramentas teóricas. No entanto, advirto, a causa é nobre. Sucumbi, é fato, mas foi apenas com intuito de entender a mais grave questão que aflige Pindorama hodiernamente. Qual seja: por que porra Dunga tem dado (lá ele) tantos e tamanhos chiliques?

Aliás, só agora, passados os noventinha regulamentares e as prorrogações, é possível endereçar ao referido anão aquela antológica e retórica indagação do filósofo Fábio Júnior. Às aspas: “O que é que há? O que é que está se passando com essa cabeça?”.

Eis aí um mistério que parecia mais insondável do que o terceiro segredo de Fátima. Realmente, era quase impossível perscrutar (recebam, incréus, um perscrutar nos mamilos) os descaminhos do raciocínio e das ações do referido cidadão pelos meios convencionais. Prova disso é que para tentar desvendá-los consultei o infalível lunário perpétuo e os não menos infalíveis búzios e runas. Fui aos almanaques, livros, tratados, tarôs, bulas de remédio, evangelhos, capas de Veja, ciganos, pais e mães de santo – e nada.

Mas eis que encontrei a verdade que salva e liberta na análise gestualística – seja lá que porra isto signifique. Assim, saquei do coldre tal conceituação para entender porque, mesmo nos momentos de glória, Dunga nunca está satisfeito. Sim, porque é humano, demasiadamente humano, que ele revide as pancadas que recebe. Porém, que não aceite nem elogios, não há explicação.

Ou melhor, há. E ela, a explicação, se encontra na tal gestualística. Ou vocês não repararam que no momento de maior glória, o gol, Dunga sempre dá um soco para baixo? É isso aí. Como bem definiu o menino Veríssimo no ano da graça de 1994, Carlos Caetano Bledorn Verri não consegue entender a vida sem dificuldades.

O homem nasceu para o confronto, vive sob a égide permanente do discurso rancoroso e não será a conquista (ou a perda) de mais uma taça que irá mudá-lo. Afinal, como já ensinei aqui: Pau que nasce torto vira berimbau.

P.S. 1 Já havia encerrado a transmissão quando uma senhora politizada e mais chiliquenta do que o técnico da canarinho adentra este Post Scriptum largando a seguinte: “Sêo Françuel, o senhor está a soldo da Rede Globo. Por que não disse uma palavra da luta quixotesca de Dunga contra a Vênus Platinada?”.

Este alienado locutor tem a dizer apenas o seguinte. Nesta chibança, dou um pelo outro e não quero troco.

P.S.2 E o futebolzinho da seleça igual ao meu salário, ó.

P.S. As, sim. Sobre o Esporte Clube Vitória só falarei quando o time voltar a praticar, ao menos, algo parecido com  Futebol.

Brocança antológica

junho 18, 2010

Ainda que eu falasse a língua dos anjos e/ou tivesse o direito de recorrer a falácias e sofismas, ainda assim, não conseguiria negar a inapelável verdade: A gloriosa Copa do Nordeste, que neste 2010 recebeu a alcunha de campeonato, foi concebida este ano de forma intrafemural, isto é, feita nas coxas.

Não bastasse marcar as rodadas iniciais para o mesmo período em que todos os olhos se voltavam para a Segundona do Gauchão, a liga organizadora ainda se deu ao desfrute de modificar a tabela ao seu bel-prazer (bel-prazer? hoje eu tô demais). Por conta disso, a estréia do Vitória no Barradão, que estava marcada para um dia de domingo, foi antecipada para a noite de sábado, Dia dos Namorados. Uma beleza.

Não à toa, este torneio, parido a fórceps depois de uma cizânia entre a CBF e Liga do Nordeste, caminhava melancolicamente para confirmar o seguinte axioma (recebam, discípulos de Dunga) do menino Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly: “De onde menos se espera, daí é que não sai nada”.

Porém, no meio do caminho, mais especificamente na terceira rodada, havia um Ba x Vi – a mãe de todas as batalhas. E, amigos ouvintes, em verdade lhes garanto: Quando há um Ba x Vi, tudo pode acontecer. Até mesmo o imutável destino de competições nascidas sob o signo da incongruência sofre abalo. Afinal, como bem disse Jardel: Clássico é clássico e vice-versa.

Pouco importa que as equipes tenham entrado em campo com os times reservas; que a imprensa tenha boicotado a peleja; que fosse véspera de São João; que Lula tenha vetado o fator previdenciário (ns) e que na noite do jogo Salvador continuasse sofrendo os dissabores do prolongado inverno. Sim, hereges, inverno. Ao contrário do que prega os órgãos estatais, que tentam enganar turistas, otários e afins, Soterópolis tem um dos mais altos índices pluviométricos do Brasil, com uma média anual superior a 1.900 mm.

Mas, derivo.

O fato é que – desde a primeira vez em que Bahia e Vitória se enfrentaram numa partida valendo pelo Torneio Início da Liga Bahiana de Desportos Terrestres (LBDT) -, não existe armandos nogueiras que dê conta da poesia e dramaticidade que rolam nos gramados em dia de Ba xVi. Afinal, a ferrenha rivalidade, que começou naquele inolvidável 10 de abril de 1932, está prevista para terminar somente 90 minutos após o apocalipse. Saravá, meu pai.

E anteontem não foi diferente.

Diante dos milhares de torcedores que lotaram o Estádio Roberto Santos (mentira, só 3.859 lunáticos prestigiaram a partida), os jogadores das duas equipes partiam para a bola com a mesma disposição que um pedreiro corre em direção a um prato de comida depois de 18 horas de labuta ininterrupta. É fato que os atletas do Bahia tinham a mesma intimidade com a redonda que os referidos trabalhadores da construção civil. Não foi por acaso que, com menos de 40 minutos, o placar já marcava 3 x 0. E tão esquálido escore na primeira etapa apenas comprovou que os deuses do futebol ou não gostam de ver as redes balançar ou não tem senso de justiça, já que o placar moral seria 28 x 0.

Porém, num espetáculo desta magnitude, assim como nos livros de auto-ajuda, a qualidade é mais importante do que a quantidade. Por isso, quando o menino Lenilson, aos 27 minutos da etapa complementar, fez a diabrura que vocês verão abaixo, assim como Bandeira, eu não vi mais nada – nem a calcinha rosa da vendedora de cerveja, nem o shortinho da moça gerasamba. Afinal, a partir daquele quarto gol, os céus se misturaram com a terra. E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.

Amém.

Eles não mereceram nem vaias

junho 14, 2010

Só agora, passadas as regulamentares 48 horas, é possível fazer a seguinte e retórica indagação que inquieta Soterópolis e uma banda de Candeias: Os puliças que vão ao Barradão são sádicos, viados ou acumulam?

Sim, só pode ser. Porque, amigos ouvintes, em verdade eu lhes indago novamente: Qual a necessidade de eles procederem àquela tradicional (e bruta) revista num jogo como o do Vitória X ABC?

Não sabem? Pois eu mesmo respondo: niúma. Afinal, a única arma que as testemunham que foram ver aquela horrenda peleja poderiam levar seria uma gilette para cortar os pulsos.

Pois bem.

Mesmo sabendo disso, os meganhas novamente fizeram aquela gloriosa abordagem, que começa com apertos na cintura e termina com o antebraço socando os culhões. E, pelo que eu saiba, ninguém esconde tal instrumento laminoso nesta região. Aliás, por conta de tal procedimento policialesco, meus órgãos dos países baixos, mais uma vez, ficaram tão inflamados quanto minha garganta.

Putaquepariu a escrotidão!!!

Pois muito bem.

Não bastasse a dor nos culhões, desço mancando a escadaria do Santuário para prestigiar tão importante peleja e percebo que Flávio Tartaruga escalou o lateral Jonas para jogar (?) no meio e improvisou o meia Rafael do Bode na lateral, num verdadeiro samba do criolo doido.

Por falar em criolo, um tal de Zulu, que não tem vaga nem em meu baba lá em Itapuã, fez a festa na defesa do Vitória e brocou duas vezes.

E, como desgraça pouca é bobagem, lá por volta dos 20 minutos do segundo tempo, começa uma neblina. De pronto, meu amigo Paulo gritou: “Chove logo, porra. Eu quero agora é pegar uma gripe”.

Perguntei o motivo de tanta revolta e ele largou: “Rapaz, tive que, literalmente, negociar com minha mulher. Para poder sair de casa no Dia dos Namorados e assistir a esta disgrama, prometi que amanhã a patroa tinha o direito de ir no shopping com meu cartão. Então, agora quero que caia um toró dos seiscentos, pois eu mereço é uma tuberculose”.

Ô, grória!

Como já não bastasse tanto desacerto, um gordo escroto (por que 97,14% dos gordos são escrotos, meu deus?) passou perto da gente com a camisa da Argentina e chamou a todos de maricón.

Silenciamos. Porque todo o castigo era pouco. E também porque o jogo e suas circunstâncias eram tão ordinários que nem vaias mereciam.

P.S. 1 A prova fatal de que o sábado era um dia estranho foi que Renato acabou sendo o melhor em campo. E olhe que o preguiçoso só entrou no segundo tempo. Porém correu mais do que um Ben Johnson dopado. Um assombro.

P.S.2 Um grupo de adolescentes donzelos tirou o dia para esculhambar. Logo depois que Vinicius deu mais uma quiabada, eles começaram a gritar: Uh, é paredão o goleiro do Leão.

No final, em homenagem ao Dia dos Namorados, cantaram.

Solteeeiroôôô

Solteeeiroôôô

Solteeeiro

Sou solteiro

e punheiteirô

Viajando nas ondas do rádio

junho 10, 2010

A Bahia e uma banda de Sergipe são testemunhas de que sempre tive ojeriza (recebam, fariseus, um ojeriza na caixa dos peito) a radialistas, emissoras e seus fajutos slogans. Nunca comi reggae daquela conversa mole de credibilidade, isenção, honestidade e outras mumunhas. Minha fúria contra estas injúrias era tanta que no dia 17 de abril do ano da graça de 2009 radicalizei, lançando uma campanha pela proibição dos radinhos de pilha, conforme vocês podem conferir neste linque AQUI, Ó

Acontece que, como já ensinei diversas vezes nesta tribuna, não devemos confiar nas nossas convicções. Mesmo as mais arraigadas são traiçoeiras. Ontem mesmo mudei de opinião em relação à fidelidade dos slogans das rádios ao ouvir o da Jornal AM 710, de Alagoas: “A Rádio que escuta você”.

Seguinte foi este.

O ponteiro do relógio marcava exatamente 30 minutos da etapa final da peleja entre Vitória x CRB e eu estava completamente injuriado com o futebol (?) apresentado pelo Leão. De acordo com informações do locutor, a equipe alagoana, mesmo vencendo de 1 x 0, continuava em cima (de lá ele) porque “estava num momento psicológico melhor do jogo”.

Diante de tamanha desfaçatez, perdi a paciência e gritei: JÁ PASSOU DA HORA DE PARAR COM ESTA CHIBANÇA.

Ato contínuo, mostrando que realmente escuta os ouvintes, a rádio saiu do ar.

Ô, glória.

Não sei se coincidência ou não, o melhor foi que meu protesto surtiu mais efeito. Logo em seguida, Muruim (que deus o tenha) sofreu uma contusão e foi substituído por Kleiton Domingues. Outrossim (hoje eu tô virado no cão), o interino Flávio Tanajura ainda decidiu colocar a dupla sertaneja Edson Gunner & Arthur Maia e a equipe quase empata com o poderoso Galo da Pajuçara.

Ô grória das grórias.

E para completar minha alegria, ainda li o seguinte comentário/profecia do menino Luís Joacy. Às aspas.

Bem, eu, particularmente, não virei aqui para chorar essa derrotita! Muito pelo contrário, achei até essa derrotita alvissareira! Coincidentemente, na Copa do Brasil, competição na qual estamos nas finais (e da qual seremos campeões, nem que a vaca tussa e Ricardo Silva conspire contra, com suas escalações esdrúxulas e substituições mais esdrúxulas ainda!), nós também iniciamos diante de um time modesto, jogando na mesma cidade e no mesmo horário, e, mais importante, atirando pedra em todos os santos, aí incluídos Santo Antonio, São João e São Pedro!!!! Portanto, a julgar pelo início, iremos faturar também essa competição e chegar a mais um Tetra!

Palavras da Salvação!

P.S. 1 Como a referida emissora ganhou minha simpatia ao cumprir a promessa de seu slogan, logo após o término da partida sintonizei novamente nos 710 para ouvir a resenha final. Lá para tantas, quando avaliavam os melhores, os piores e etc e coisa e tals, eles largaram o seguinte. “Então é isso. O ponto negativo do jogo foi a falta do minuto de silêncio”. Carajo!!! É a primeira vez que ouço alguém eleger a falta do minuto de silêncio como ponto negativo de uma partida.

P.S.2 Para completar, eles também disseram que “o técnico Celso Teixeira, do CRB, foi muito melhor do que o comandante Flávio Tartaruga do Vitória”. Alguém ainda falou: É Tanajura! Mas não adiantava mais. Ficou tartaruga mesmo. E, aliás, foi a melhor definição sobre o interino.

P.S.3 Para encerrar de vez, um repórter queria falar com Mauro Galvão, mas este não desligava o celular. Então, o referido largou a seguinte, que transcrevo em negrito: “Mauro Galvão tá gastando um telefone ali, que pelo amor de deus. Se não for um bônus, ele tá lascado”.

A TRIUNFAL VOLTA DA COPA (Finalmente, o futebol retorna às origens)

junho 8, 2010

 

Não vou mentir pra vocês. A verdade que salva e liberta é uma só: Nos últimos dias, por mais que eu me esforce, não consigo tirar a disgramada da copa de minha cabeça. Tento até me concentrar em coisas mais amenas, tipo os problemas sócio-econômico-políticos e culturais de Pindorama, porém meu obsessivo, obtuso, obscuro e aliterado objeto de desejo continua a martelar meus pensamentos imperfeitos. “Pode vibrar, torcida brasileira, vai começar a copa”.

Ô perseguição dos seiscentos demônhos!!!

Para que vocês tenham uma idéia (deixa o acento, revisor sacana) da minha angústia, num último e desesperado ato para fugir do tema, elevei, ou melhor rebaixei meus pensamentos até as ancas da Moça do Shortinho Gerasamba – mas nécaras. Os maltratados neurônios só pensam na competição.

E o que mais intriga é que a partida inicial foi disputada por duas equipes que não me provocam quaisquer simpatias. Em verdade lhes confesso: Pra mim, tanto faz que o ABC se foda ou que  o América se lasque. Igualmente à filósofa Luka, tô nem aí.

Oxente, meu compadre, por que o espanto? É óbvio que estou falando da mais importante competição dos 18 continentes, a briosa Copa do Nordeste – até porque, na minha humilde opinião, esta é a única competição que realmente importa nestes dias. Afinal, aquele torneiozinho lá na África do Sul é igual a doce: só quem aprecia é mulher, formiga e viado. Além disso, ainda tem a grave questão dos nomes. Ontem mesmo, aventurei-me a ver uns 15 minutos do jogo entre Brasil x Tanzânia e escutei o narrador largar a seguinte. “Lá vem o time africano para o ataque com o jogador ‘me goze’. Olha o perigo”.

Antes que o perigo chegasse à zona do agrião, desliguei logo a TV. Mgosi? Deuzulivre.

Mas, derivo.

O que realmente importa pra a nação é que, depois de sete longos anos, a angustiante espera acabou. Finalmente, a gloriosa peleja está de volta para mostrar que o nordestino é, antes de tudo, um destemido que não se guia pelas imposições do calendário. Não foi à toa que a combativa Liga do Nordeste decidiu marcar 10 das 15 rodadas da competição exatamente no período da Copa do Mundo. E a valentia estende-se também ao horário. Numa prova inequívoca de que não temem o sol inclemente, os organizadores agendaram a estréia do meu Vitória contra o CRB, pontualmente para 15h de hoje. Mas as chibanças não param aí. Vale salientar ainda que este triunfal retorno da copa ocorre sob o signo de outra dança de rato – seja lá o que isso signifique.

Porém, como caldo de galinha e história não fazem mal a ninguém, conto-lhes sobre a referida dança. Seguinte. Esta briosa Copa (que começou em 1994, foi interrompida em 95/96, voltou em 1997 e se encerrou em 2002/2003) foi motivo de uma cizânia entre a Liga do Nordeste e a CBF. Esta, de forma democrática, como lhe é peculiar, decidiu dissolver a competição sem mais nem menos. A outra entidade, alegando prejuízos, esperneou.

Aliás, um parênteses. Tal fato mostra que o Nordeste não é mais o mesmo. Lembro-me que, em priscas eras, na aurora da minha vida que os anos não trazem mais, uma divergência desta em nossa região era resolvida facilmente na base da peixeira. Hoje, com o afrescalhamento imperando, recorre-se às barras da saia dos tribunais, solicitando uma indenização de trinta dinheiros. Pois bem. A briga na justiça se encerrou com a Liga aceitando retirar ação de 15 milhões e a CBF referendando a competição (boa porra).

Porém, como diria o sociólogo Peninha, “o que passou, passou, não importa. Ficou do outro lado da porta”. Assim, na verdade, toda esta prosopopéia é porque eu queria denunciar aqui nesta tribuna que os cartolas nordestinos cometeram um equívoco irreparável na divulgação da tabela. Qual seja. Eles informaram (?) que o jogo de hoje entre ABC x América será disputado no Fraqueirão.

PUTAQUEPARIU OS ENGOLIDORES DA LETRA S.

Toda a Bahia e uma banda de Sergipe sabem que o nome do Estádio Potiguar se chama FraSqueirão, exatamente em homenagem à chilena Maria do Rosário Lamas Farache (1906-1949), filha do casal de palestinos Elias e Mercedes Lamas e amiga de J. Pinto Fernandes, que não tinha entrado nesta história.

Então, este é o fulcro do problema: Pau que nasce torto vira berimbau.

Ousar pode (e deve) dar certo

junho 6, 2010

Mais uma vez ocupo esta briosa tribuna para colocar minha falsa erudição a serviço do aprimoramento do Ludopédio. Assim, de prima, sem deixar a criança quicar no chão, sacarei do coldre um trecho de uma crônica confessional da menina Clarice Lispector. Porém, antes que a moça do shortinho Gerasamba venha dar seus tradicionais chiliques, explico logo que os tais escritos se encaixam (lá ele) perfeitamente para o atual momento do Rubro-Negro. Ouçam. Em negrito.

O que nos impede na maioria das vezes de ter o que queremos, de ser o que sonhamos, de fazer o que pensamos e aceitar com o coração, é a ousadia que não cultivamos“. 

Palavras da Salvação.

Realmente, é preciso cultivar a ousadia. Não é possível que esta continue sendo escrava do medo. E a prova de que as mudanças são necessárias e urgentes ocorreu de forma  cristalina ontem, na peleja diante do Atlético do Paraná. 

Amigos, em verdade eu lhes asseguro: O futebol praticado (?) pelo Vitória na etapa inicial não merece um adjetivo melhor do que medonho. 

Que porra foi aquela?

Esta pergunta acima é apenas retórica, pois a resposta já é de conhecimento de todos que conhecem um pouco do pebolismo  (eu falei pebolismo, hereges).

O fato é que nos três últimos jogos, o Leão vinha “numa crescente, jogando com élan”, como gostavam de dizer os locutores de antanho, porém, por falta de ousadia (quase escrevi falta de culhão,mas aqui é um ambiente de respeito), o técnico Ricardo Silva escalou Ramon.

Ato contínuo, aquele time que estava jogando bem (mesmo sem obter resultados excelentes) sumiu, desapareceu. E no seu lugar retornou aquela equipe amarrada, sem criatividade, sem velocidade, sem porra de nada. E a verdade é uma só: Só não perdermos o jogo porque o Barradão é phoda por Ph de Anfilóphio – até o tradicional morrinho artilheiro, lá no santuário vira outro defensor. Um assombro.

Por falar em coisas sobrenaturais, encerro esta prosa informando que faz-se mister espantar o fantasma  do passadismo, do conservadorismo no Rubro-Negro. Afinal, no segundo tempo do jogo, ficou provado que a população do Nordeste de Amaralina tava certa: A HORA É DE OUSAR. Foi só o time partir pra cima do Atlético com gosto de querosene que a Vitória, que andava escondida, saiu da Toca.  

P.S.1 A verdade que salva e liberta é uma só. Toda vez que o Leão for enfrentar algum atlético, seja de Goiânia, Minas, Paraná ou de Alagoinhas, Schwenck (escrevi até o nome do sacana correto) tem que ser titular de minha porra. Como bem definiu a nigrinha do Humberto, Schwenck é o verdadeiro exterminador de atléticos.

P.S.2 Este menino Renan Oliveira conhece.

É hora de ousar

junho 3, 2010

Por Anderson Abreu*

Acompanhando o último jogo do Vitória contra o Fluminense aconteceu comigo algo que geralmente não ocorre quando estou vendo futebol pois estou ocupado demais xingando, gritando, comendo pipoca e enfartando. Aconteceu aquele apagão, a visão ficou embaçada, as ideias divagaram e em uma fração de segundo me apareceu todo um plano, todo cálculo e condições necessários para que o Leão faça um ano memorável, que ficará marcado como os anos de 1993 e 99.

Nesse lampejo tive a certeza que esse é o ano do Vitória fazer diferente e ousar mais, ousar tudo, tudo aponta pra isso e vou expor como cheguei a essa conclusão, que mais pareceu inspiração divina (mas eu não acredito nessas coisas).

É sabido de todos que o fator campo faz uma grande diferença, ele influencia no comportamento do time da casa e do visitante, no comportamento da torcida e, principalmente, nas decisões dos juízes que tentam evitar problemas. Pois é, a maioria dos grandes perderá esse trunfo para as obras da Copa de 2014. Inter, São paulo, Flamengo, Fluminense, Goiás, Atlético-PR, Atlético-MG e Cruzeiro, a maioria candidatos às primeiras posições e fazem valer seu mando de campo. Jogar num campo fora da sua cidade, menor e sem a mística dos grandes estádios faz uma grande diferença, e nós sabemos bem disso, sendo assim, vejo que o Vitória pode ganhar muitos pontos fora de casa, se souber usar isso a seu favor, o que não é tão difícil.

Todos vão aproveitar a parada da Copa de 2010 para ajustar algumas coisas, muitos times estão bagunçados, sem treinador e apenas esperando essa parada para ajustes, o campeonato começa mesmo depois da copa, inclusive os europeus, e é aí que também temos vantagem. Por não estarem nos grandes centros de mídia nossos jogadores não tem tanto apelo para os times europeus, o que não acontece com os times do sul, que com certeza perderão muitos e bons jogadores e nós não.

Os times que sobraram não estão tão fortes que não possamos dar testa, times como Guarani, Ceará (que perderá o Castelão para obras também), Prudente, Avaí, Atlético-GO, Vasco e Botafogo, são times que podemos enfrentar dentro e fora de casa em pé de igualdade e ganhar muitos pontos. Sobram poucos, Palmeiras (que tá uma bagunça, também fechou o Palestra para obras e perdeu a força que já comentei), Grêmio que é um time forte, não faz uma boa campanha, deve melhorar, mas ainda acho que podemos dar testa. Vejo aí dois candidatos fortes, Santos que tem um bom time, mas sofrerá baixas para times europeus e já vislumbro também uma crise causada pelo ego inflado dos jogadores. Corinthians que é verdadeiramente forte e tem o campeonato brasileiro como tábua de salvação do ano do centenário.

Com tudo que foi exposto, e que me veio a cabeça num lampejo só, afirmo, confirmo e reafirmo que este é o ano de ousar. O Vitória pode muito mais! Temos que ter coragem e avaliar tudo o que foi feito até agora, ver quantos pontos perdemos e ganhamos, ver como foram nossos jogos e etc. Vejo um bom time, mas precisa de reforços, e vejo que podemos ter um técnico mais ousado e uma defesa mais sólida. É hora de falar menos e agir mais, nada de declarações burras de jogadores e dirigentes, tenho certeza que a torcida fará seu papel. É hora de ingressos mais baratos e promoções para mulheres e crianças, precisamos do Barradão cheio, é hora de convocar a torcida para todo jogo e falar a ela o quanto é importante ao clube, talvez dar testa a CBF e a Globo e reivindicar melhores horários nos jogos em casa (19:30, numa quarta e com a Paralela no meio? Não dá!). Não estamos na vitrine e a mídia não nos dá muita bola e isso pode ser usado a nosso favor, pois quando se derem conta estaremos fortes e na briga pela parte de cima da tabela. Esse é o ano de ganhar muitos jogos fora de casa por causa de nossa força e também pela possível fraqueza dos outros. É o ano de deixar de ser um time caseiro e acabar com esse maldito complexo de inferioridade. Esse é o nosso ano. É o ano de ousar mais, ousar tudo!

* Anderson Abreu é morador de NE de Amaralina e torcedor do Leão

Contra mitos não há argumentos (mas existem números)

junho 1, 2010

 

A Bahia é uma terra pródiga em culhudas. Aqui, mais importante do que a verdade, são as versões – principalmente aquelas repetidas à exaustão e em volume estridente. Historicamente, a melhor forma de se impor nesta província é fazendo barulho, o velho e tradicional ‘ganhar no grito”.

Não foi à toa que ACM, que conhecia a alma de grande parcela dos baianos, usou exatamente destes artifícios (gritos e culhudas) para se perpetuar no poder. Ele dizia, em voz alta, que era o bacana o porreta, o retado – e os desavisados comiam o reggae.

É óbvio que o Cabeça contava com o auxílio luxuoso da mídia, dos tribunais, das prefeituras, do porrete da puliça e do caralho aquático. Porém, suas marcas principais eram os gritos e a velha e boa culhuda. Assim, sem nunca ter disputado uma eleição majoritária até o início da década de 90, ele se auto-proclamava o cara popular da Bahia, coisa que, efetivamente, nunca foi. Prova disso é que, mesmo com a ajuda de todo este aparato nunca conseguiu nem chegar perto de metade dos votos totais dos baianos. E a prova definitiva que havia mais medo do que respeito em relação à sua figura ocorreu no seu triste enterro, que muito diziam que ia ser O Grande Funeral. Foi um fiasco, conforme presenciei in loco e narrei AQUI, Ó .

Mas, derivo. E, neste momento, nem é bom derivar. O melhor é deixar o Cabeça quieto. Vai que ele se reta e volta. Deuzulivre. Já basta o atual governo, que fica aí querendo ressuscitar as nefastas práticas carlistas.

Portanto, vamos falar de jangada, que é pau que bóia.

Seguinte é este. A verdade que salva e liberta é uma só: Faz coisa de uns três séculos que os itinguenses não ganham porra de nada nas quatro linhas. E, como não vislumbram meios de superar esta, digamos, abstinência titulirística no próximo milênio, as injúrias ficam se apegando a qualquer coisa. Uma hora inventam que são campeões morais do 1º turno; depois reproduzem PESQUISAS FAJUTAS, entre outras aleivosias.

Em verdade lhes digo: É estripulia pra mais de metro. E sempre com o aval da escrota imprensa baiana (desculpe-me a redundância), que reverbera tudo com um barulho dos seiscentos, atendendo àquela equação que falei no início: culhuda e gritaria.

Até aí, tudo bem.

O problema é que tão ensurdecedor barulho parece que tem afetado até o raciocínio de pessoas sensatas, a exemplo do bom zagueiro Wallace.

Do nada, sem ter, nem pra quê, talvez por conta desta chibança dos radialistas, ele concedeu uma desastrada entrevista afirmando que a torcida do Vitória não tem comparecido ao Barradão. E pior. Heresia das heresias, ainda parabenizou os torcedores daquele clube que habita os porões do futebol brasileiro.

PUTAQUEPARIU  INJUSTIÇA!!!

A verdade é que, além de ter sido deselegante com a massa Rubro-Negra, o zagueiro falou, ou melhor, repetiu bobagem e corroborou para perpetuar uma inverdade, um mito.

Porém, se contra mitos não há argumentos, há números. E os borderôs estão aí para desmistificar a falácia.

No último campeonato baiano, por exemplo, a média de público do Vitória foi superior à do ex-rival, conforme atesta a própria FBF. Tá lá no placar e ninguém pode mais tirar. O Leão teve uma média de 9.585 pessoas por partida, exatamente 177 a mais do que o representante baiano no torneio de acesso, que levou (lá ele) 9.408 por jogo.

Então, Wallace, que conversa fiada é esta de que a “a torcida não tem comparecido”?

Só pra seu governo, na Copa do Brasil mais de 80 mil Rubro-Negros já ocuparam as arquibancadas do Barradão para incentivar o time e também lhe apoiar, numa média superior a 16 mil por partida. E em troco, vem você, logo você, um atleta criado no clube e admirado pela torcida, elogiar os adversários?

Repetindo em caixa alta: QUE PORRA É ESTA?

Ah, sim, mas tem o brasileirão, né? Ok. É fato que ex-quadrão tem levado (lá ele) um público maior do que o Vitória neste início de campeonato. Porém, será que você se esqueceu que na primeira partida contra o Flamengo o ingresso no Santuário era o dobro do preço de pituacivisky e ainda caiu um dilúvio de assustar até Noé? Além disso, lembre-se que a partida seguinte, contra o Atlético mineiro, ocorreu num horário impiedoso, às 19h30, e imediatamente após o Leão ter feito uma das apresentações mais covardes dos últimos tempos.

Então, meu velho, na moral, ouça um bom conselho: Pare de se orientar por radialistas escrotos, ouça mais a voz das arquibancadas do Barradão e se concentre na disgrama de minha zaga, que é onde você tem atuado melhor.

 De nada.