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A hora e a vez da torcida

outubro 17, 2010

Todos os que vivenciaram os dissabores de décadas passadas, quando, na maior parte do tempo, imperavam os resmungos, choros e ranger de dentes, sabem que a torcida do Vitória mudou de forma substancial.  

É óbvio que esta transformação teve seu início exatamente na época em que o Leão começou a se tornar hegemônico no futebol da Bahia. Porém, a verdadeira aliança entre clube e torcida se deu efetivamente na ocasião em que o Rubro-Negro enfrentou o momento mais dramático de sua história, peregrinando pelos porões do subsolo do futebol brasileiro, a inglória Terceirona.

E foi exatamente naquela angustiante Série C que conheci um senhor grisalho e de bigode, que até hoje não sei o nome (mas, que está sempre no Barradão, entre a Vilocoura e a Imbatíveis)   que era (e é) um sinônimo de esperança. Lembro que no primeiro triunfo, diante do Ipitanga, ele vibrava como um adolescente. E até mesmo nas derrotas intragáveis, como o 2 x 1 para o Confiança em nosso próprio Santuário, ele não perdia a fé.   

Pois muito bem.

Foi exatamente a partir desta dramática experiência que a fé do torcedor Rubro-Negro se tornou inquebrantável. E ela, a fé, estará novamente hoje em campo, ou melhor, nas arquibancadas, para levar o time ao triunfo diante do Grêmio Prudente.   

A questão, porém, não se resume apenas a fé, apesar de esta ser muito importante. Na verdade, o torcedor tem nesta tarde/noite de domingo o compromisso de apoiar e incentivar os 11 (durante os 90 minutos e a prorrogação) com a mesma euforia juvenil daquele senhor grisalho e de bigode.

Mas, hoje também será o dia em que este mesmo torcedor, que ama o seu time e que sempre quer o melhor para ele, mostrará que é possível construímos juntos um novo momento no NOSSO Clube, com mais democracia, transparência, respeito ao torcedor e profissionalização da gestão. Será o momento histórico em que colocaremos o nosso bloco na rua, ou melhor, no Estádio,  com uma grande panfletagem a partir das 15h, em frente ao estacionamento e depois na estrada do Estádio. Chegou a hora de mostrarmos que, sempre, SOMOS MAIS VITÓRIA.

Venha, você também, fazer parte desta história. Afinal, como bem disse o profeta Rogério Silveira: “Apoiar, sim. Acomodar, jamais

Apoiar, sim. Acomodar, jamais

outubro 15, 2010

Por Rogério Silveira*

Finalmente, depois de uma razoável pausa (desde o ridículo jogo contra o Grêmio), consegui reunir algum ânimo para escrever sobre o Vitória. A razão pela qual não encontrava estímulo não seria apenas a vexatória posição que o Vice-Campeão do Brasil em 2010 se encontra na tabela de classificação do Brasileirão, tampouco a (falta de) atitude dos jogadores em campo, com direito a zagueiro nos mostrando o dedo médio e tudo o mais. Tudo isso, obviamente nos incomoda bastante, mas não tanto quando a falta de perspectivas melhores para os anos vindouros com esse modelo de gestão que temos.

Mas deixemos para explorar esses aspectos ao final do ano. Por agora, apenas duas coisas importam. A primeira, é claro, é mais uma vez apoiarmos os jogadores em campo. Nesse domingo, o Vitória finalmente parece estar indo a campo com o espírito de quem está indo a uma guerra. Já deveríamos ter apresentado tal espírito no jogo contra o Goiás, concorrente direto na triste e inadmissível luta contra o rebaixamento. Infelizmente, não mostramos a gana de quem quer permanecer no seu lugar de direito e perdemos um importante “jogo de seis pontos”. Agora, Senhor Letargia parece ter tomado um choque e se mexeu a fim de sacudir o elenco e trazer a torcida para o nosso santuário, o Barradão.

Se chamar, essa torcida apaixonada vai, mas, tecla sempre repetida por mim, que vá apenas aquele que estiver disposto a apoiar de verdade o Vitória. É lamentável o sujeito que se dispõe a sair de seu domicílio para vaiar seu time de coração com 15 minutos de jogo e se presta a reclamar de tudo o tempo inteiro. Vá, torcedor, mas vá com o peito aberto e cheio de alegria. Vá com as lembranças doces na cabeça, de grandes viradas Rubro-Negras mesmo na história recente. Como em 2008 quando o rival de Itinga já dava o Campeonato Baiano como ganho com 3 rodadas de antecedência mas sentaram na menta vermelha e preta em Feira de Santana, tomando um sacode de 3×0, deixando o título em nossas mãos no final. Vá, lembrando de nossa grande arrancada na fase final da Série C de 2006, começando novamente num grande Vi-ba em Feira de Santana, quando muitos já nos davam como mortos. O Vitória não está morto, “ser Vitória é ter fé até o fim”, como diz a música e temos totais condições de sair dessa situação.

Lá atrás, dizia que apenas duas coisas importavam nesse momento. Se a primeira é apoiar, a segunda é definitivamente voltar-se contra a perpetuação desse estado de coisas em que o Vitória se encontra. Há 20 anos, por diversos erros administrativos, fomos parar na Segunda Divisão. O dirigente que havia assumido e caiu junto com o Vitória pintou para ser o “salvador da pátria”. Organizou o clube, elevou o Vitória a um patamar antes jamais sonhado e depois se entronou no cargo, para após uma série de erros nos jogar na Terceira Divisão.

Saiu esse dirigente e veio o atual, o novo “salvador da pátria”. No menor tempo possível (apenas dois anos) nos tirou da Série C para nos reconduzir à Elite e, parecendo ter gostado do modelo anterior, vai aos pouquinhos se entronando no cargo também. Agora, tantos foram os erros, tantos foram as trapalhadas, o Vitória corre novo risco de rebaixamento.

O que queremos agora? Um outro “salvador da pátria”? Vamos passar a vida toda, de tempos em tempos, precisando de um? A torcida do Vitória é muito, muitíssimo ambiciosa. Ela sabe da grandeza desse clube, enxerga ele melhor que qualquer dirigente, pois o vê do melhor ângulo possível, das arquibancadas. Ela sabe exatamente aonde o Vitória pode chegar e quer isso. Chega de salvadores da pátria! Está mais do que na hora da visão do torcedor, da ambição do torcedor, chegar às ações do clube. Junte-se a essa luta por um Vitória mais democrático, junte-se a essa luta por um Vitória de pensamento grande. WWW.SOMOSMAISVITORIA.COM.BR

* Texto originalmente publicado no Site Leão da Barra.