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As dores e alegrias dos desterrados

agosto 31, 2011

Caso esta emissora não proibisse o egocentrismo desenfreado, a abalizada resenha de hoje seria dedicada exclusivamente às minhas desventuras para acompanhar a peleja entre Vitória x Vila Nova.

Para que vocês tenham idéia do sofrimento deste narcísico locutor, exatamente às 20h30 estava preso no trabalho, sem nenhuma perspectiva de sair durante o jogo. Não bastasse a impossibilidade de praticar o velho zig, descobri que os computadores da briosa repartição onde labuto são bloqueados pra qualquer tipo de transmissão on line.

Como diria o impoluto Edir Macedo: Ô, grória!!!

Porém, amigos de infortúnio, em verdade vos confesso: Quando me deparei com a real ameaça de ficar sem poder acompanhar um jogo do Leão, bateu uma angústia dos seiscentos e percebi, naquele fatídico instante, que aquele ditado sobre “o que os olhos não vêem o coração não sente” é conversa de chifrudo conformado.  (E, já que falei em corno, informo que havia na sala um torcedor do sardinha com o rádio  sintonizado numa destas emissoras da vida. Aliás, minto. Na verdade, era um celular, pois os cornos trocaram o radinho pelo celular).

Mas, o fato é que o sofrimento sem a visão, à distância, é uma disgrama. Quando não podemos ver e apoiar nosso time somos vítimas de uma dilacerante sensação de impotência.

E ontem pude sentir isso claramente. A bola começa a rolar e constato que a pior coisa do mundo é não conseguir ver o time e ter que ouvir jogo pelas emissoras radiofônicas da Bahia. Aliás, minto novamente. É a segunda pior coisa do mundo. A experiência mais desagradável, a pior das piores, é escutar jogo do Vitória num celular de uma tricolete. Bastava o Vitória ameaçar ir para o ataque que o sacripanta logo abaixava a porra do som.

PUTAQUEPARIU A PICUINHA!!!

A minha sorte é que locutor baiano sabe narrar porra de nada. E foi assim que, enquanto o Zé Ruela ia naquela batida de anunciar um monte de coisas que ninguém nunca escuta nem vai comprar, consegui ouvir o primeiro gol Rubro-Negro. “Lá vem o Vila Nova, pressionando, pressionando…o Vitória retoma, atenção, Uelliton cruza, Marquinhos chuta e…”. nem adiantou o desinfeliz abaixar o som. Eu já sabia que era saco.

Pois bem.

Depois de mais alguns minutos vendo que não conseguiria acompanhar a catilogência do referido locutor (recebam, hereges uma catilogência nos mamilos), comecei a viajar, literalmente, nas sensações experimentadas por aqueles que estão longe do torrão natal, mas que nunca deixaram de sofrer, digo, torcer pelo Vitória. E enquanto o homem da latinha berrava prosopopéias incompreensíveis, percebi claramente como é a aflição provocada pela distância. Por conta da (mal) dita locução, senti-me um desterrado. E, igualmente aos desterrados, fiquei completamente desesperado, mas finalmente compreendi o que sentem algumas pessoas, especialmente as que moram em outros países, com quem passei a manter contato por causa do MSMV.

E lembrei-me do menino Jorge Bassivisky (vá fazer rima na casa do caralho) que agora, depois de velho, fica ameaçando abandonar o Vitória por conta dos tropeços. Antes eu ficava até indignado com esta postura do referido, mas agora o compreendo. É o desespero da distância.

Por falar em desespero, ninguém mais emblemático do que Marco Arizona. Basta o Leão vacilar, que ele, tal e qual um guerrilheiro juvenil, já prega logo a revolução. A partir de hoje, serei mais tolerante também com seus desabafos. É o desespero da distância.

Por fim, destaco Marco Rolim, também morador dos EUA, mas que ao contrário dos dois primeiros, ainda não conheço pessoalmente. Porém, , já percebi que também age de forma completamente apaixonada e desesperada. (Outro dia, inclusive, escreveu-me um belo e longo texto que publicarei aqui, falando que, toda vez que a ameaça do ex-presidente começa a assombrar, ele esquece até a incompetência da atual diretoria diante do que considera um mal maior). É o desespero da distância.

Contudo, pensei também que se o desespero deles é assim, menor não deve ser a alegria após cada Vitória.

Pois muito bem.

Como já disse e repeti, a partir de agora serei muito mais compreensível com todas as ações destes que amam à distância e sentem-se um tanto quanto impotente para agir. Só não compreendo, de fato, aqueles que se dizem torcedores, moram nesta província, mas não comparecem ao estádio para apoiar o time. É desleixo e indiferença.

Para estes, desejo apenas que fiquem isolados do mundo e só consigam escutar o jogo através de um celular de um torcedor da sardinha. E outra: Praga de cabeludo pega.

Mas terminemos falando de jangada, que é pau que bóia: Sábado estarei lá no Santuário com três litros extras de cepacol para gritar por mim e pelos meus amigos desterrados.

Vamos nessa, rebain de incréus, pois, com a nossa força, nem mesmo o amadorismo da diretoria irá segurar o Leão rumo à Série A.

FOI TUDO CULPA DO AMOR

agosto 24, 2011

A linha editorial desta impoluta emissora, conforme é de conhecimento da Bahia e de uma banda de Sergipe, é pautada pelos mais altos interesses do Brasil e do Vitória (o que dá no mesmo).  Por conta disso, sempre evitamos tratar de qualquer assunto relativo às sardinhas de Dias Dávila. E, nesta polêmica envolvendo Jóbson, não tem sido diferente. Silenciamos e ficamos apenas ouvindo o choro e o ranger de dentes do ex-time de Itinga. 

 
Porém, além de lutar em prol da democracia no futebol, não aceitamos que inverdades prevaleçam – mesmo que seja no campo adversário. Assim, depois de uma investigação profunda (lá ela) viemos a público relatar o que de fato ocorreu neste sinistro episódio.
 
E , de prima, informamos logo: Ao contrário do que pensam alguns, a saída do atacante não tem nada a ver com drogas, mas sim com ciúmes.
 
Seguinte foi este.
 
Quando Jóbson chegou ao referido timeco da RMS,  Souza se apressoulogo em confessar: “Encontrei meu parceiro fixo“. Os que duvidam, podem clicar neste linque aqui, ó http://www.atarde.com.br/esporte/noticia.jsf?id=5721441
 
 
 
 
Caso a dúvida ainda persista, é só conferir na foto abaixo.

 
 
  
Pois muito bem.
 
Ao contrário do que pensava Souza, o tal do Jóbson “num era nada fixo”, mas sim volúvel. E, dizem nas bocas de fumo, decidiu flertar com Cazalberto.
 
Enfim , foi uma tricolorizada só.  
 
Acontece que o tal Cazalberto, detentor de longa folha corrida, começou a se jogar pra lado de Ricardinho, maior traíra do Ludopedio de Pindorama, conforme atestou a Revista Placar.
 
 
Ao saber da traição, Jóbson se retou e mesmo colocando a carreira em risco, literalmente, decidiu rasgar a foto do meio-campista. conforme os incréus podem checar aqui, ó http://blogdobrunovoloch.blogosfera.uol.com.br/2011/08/24/inconformado-jobson-rasga-foto-de-carlos-alberto-antes-de-deixar-o-bahia/
 
E eu, que num tenho nada com isso, nem sou de rasgar foto ou seda, encerro esta prosa ruim e passo a palavra a quem entende do assunto: as tricoletes. 

Se eu não tivesse com afta até faria uma serenata pra bola

agosto 5, 2011

Em priscas eras, o ludopédio em Pindorama era praticado com galhardia e denodo. Nos gramados de outrora vicejavam o ardor febril e uma fragrância etérea e elegante que enterneciam até o mais rude e insensato coração. Era uma época em que…

Epa, alto lá! Saia logo daqui armando nogueira (deixa em caixa baixa, maestro), que este texto corpo 14 fonte times new roman não lhe pertence. Nesta intimorata emissora, nada e nécaras de rebuscamento parnasiano. O plantão aqui é rigoroso. Sopa de tamanco, pau viola, ferro na boneca, é nogogó, nenê.

Por falar em gogó, saco do coldre mais dois litros de cepacol e confesso para os cinco mil alto-falantes: apesar de não ser palhaço das perdidas ilusórios, reconheço que anos atrás o futebol brasileiro possuía um tantinho assim de dignidade. Na década de 1970, por exemplo, tivemos equipes memoráveis.

Para não cansar o nostálgico ouvinte, cito apenas o Palmeiras de Ademir da Guia, o Inter de Falcão e, especialmente, o maior time daquela década, o brioso Vitória de 1974, único time na ocasião a conquistar três bolas de prata, com Joel Mendes, Mário Sérgio e Osni. E o Leão só não ganhou o quarto prêmio porque os jornalistas (esta raça de gente ruim) optou por Luisinho do América em detrimento do estupendo artilheiro e excelente jogador de cambalhota André Catimba.

Inclusive, aquele timaço, que se dava ao luxo de ter um craque como Jorge Valença no banco, só não levantou a taça porque, no dia 18 de julho de 1974, o Vasco da Gama, que acabou sendo campeão, contou com o auxílio luxuoso de Agomar Martins, gaúcho e ladrão. (Aliás, por que os árbitros gaudérios têm tanto amor ao alheio?)

Mas, derivo. E derivo porque, como diria o rei Roberto, “estas recordações me matam”. Ô, Vitória, sinha disgrama, pare com isso.

Pois muito bem.

Eu dizia que a década de setenta do século passado foi pródiga em agremiações espetaculares, porém nenhuma delas se entregou à causa do futebol com o ardor febril (dá-lhe armando nogueira!) dos Novos Baianos Futebol Clube. Putaquepariu a paixão ao balipódio!!! Para que vocês moços, pobres moços, tenham uma ideia, o referido grupo morava de aluguel num sítio em Jacarepaguá, mas quando ganharam dinheiro para comprar a propriedade, preferiram investir o vil metal no, digamos assim, aperfeiçoamento futebolístico, comprando um sem número de uniformes, bolas, bombas, apitos e etc e coisa e tals. É fato que também gastaram uma graninha com maconha, mas nada comparável ao que aplicaram no Ludopédio, pois estavam convencidos de que eram melhores jogadores do que músicos. Talvez tal incutimento se devesse porque no campo do referido sítio passeavam craques da seleção brasileira, mas talvez este devaneio pode ter sido consequência daquelas substâncias não recomendadas pela carta magna. Pouco importa. O fato é que eles, enquanto time, foram superiores a todos os outros. Mesmo não tendo valores individuais exuberantes, quando juntaram suas energias foram responsáveis por uma das melhores bandas brasileiras de todos os tempos, tendo como técnico João Gilberto, o Bill Shankly da música nacional e internacional.

Todas estas histórias e muitas outras sobre os Novos Baianos e o futebol estão no bom filme Filhos de João, de meu amigo Henrique Dantas. A referida película, que está em cartaz nas melhores casas do ramo, serve também para que possamos fazer o contraponto entre a música brasileira de antanho e a atual, especialmente a dos Novos Baianos e a destas bandas de menino amarelo que ficam jogando bola por diletantismo nos rockgol da vida. Futebol é compromisso, rebain de sacana.

O problema destas bandas hodiernas, como não diria Nelson Rodrigues, é que nenhum integrantes das mesmas sabe bater um escanteio. Eles não respeitam o futebol. Podem até não ter afta na boca, mas nunca fazem serenata pra bola. E o vice-versa da equação se aplica aos times, especialmente ao meu brioso Vitória, que desde a idade média não joga mais por música.

E acabou chorare.

P.S. 1 Esta homilia lítero-futebolística-musical vai para Dorival Caymmi, João Gilberto, Saulo Daniel Lopes, Anderson Ugiette, Marcos VP, Leonardo Bernandes, Marconi Leal e tantos outros incautos que, inadvertidamente, reivindicaram minha volta.

P.S.2 Futebol é um bicho traiçoeiro da disgrama. Eu aqui me raciocinando todo para fazer um comercial do filme de meu amigo, exaltando o espírito coletivo, a força do conjunto e outras mumunhas anti-individualistas, aí vou ver Barcelona x Chivas e um tal de Marco Fabian me faz dois golaços, mata o time catalão e fode minha teoria coletivista toda.

Depois de uma tragédia, qual o melhor caminho a seguir?

agosto 1, 2011

Nos bares, becos, ladeiras, vielas e outros ambientes maizomenos insalubres desta besta e (ainda) bela província, impera o seguinte monotema: crise. A situação é tão grave que até este rouco e cansado locutor decidiu interromper as merecidas férias para gastar o latim sobre o assunto.

E, de prima, sem deixar a pelota quicar, afirmo que a solução para enfrentarmos o dantesco quadro atual do Vitória vem da China. Porém, antes que os agoniados achem que a solução é a repatriação de Obina, esclareço que o caminho é outro: a linguagem.

“Ai, meu cristovaldo, o Leão nesta situação lastimável, precisando de ações concretas, e este homem fica derivando, falando grego, ou melhor, chinês”, queixou-se logo a sumida e monoglota moça do shortinho gerasamba.

Assim, para tentar aplacar o desespero da referida criatura e da angustiada e revoltada torcida Rubro-Negra, além de evitar que a babel se instale de vez, destrincho logo a minha tese.

Seguinte é este. Já que a crise está na ordem do dia, informo, neste grave momento, que devemos nos guiar exatamente pelo entendimento chinês sobre a questão.

Como assim? Assim. Enquanto aqui, nos tristes trópicos, a crise é sinônimo apenas de problema, desespero, desgraça e coisas do tipo, na concepção chinesa, crise tem um significado muito mais amplo. Não é à toa que a palavra crise é formada por estes dois ideogramas abaixo, sendo que o de cima significa perigo, mas o da base traduz oportunidade.

A lição chinesa nos ensina, então, que a crise, ao mesmo tempo que liga o sinal de alerta, dado o perigo iminente, nos fornece a efetiva possibilidade, a oportunidade da superação.

Então, repito a pergunta do título: depois de uma tragédia, nos graves momentos de crise, qual o melhor caminho a seguir?

Antes de responder a este fundamental questionamento, citarei dois exemplos históricos razoavelmente recentes. A eles.

No fatídico 11 de setembro de 2001, os EUA sofreram o nefasto atentado nas Torres Gêmeas. Ato contínuo, o império americano respondeu, de modo quase que desvairado, ampliando a política militarista. Hoje, pouco mais de dez anos depois, tais medidas trouxeram como consequência a quebradeira no país, que está à beira de um grave colapso financeiro.

Pois muito bem.

Mutatis mutandis, a Noruega, há menos de um mês, foi vítima de ataque tão abominável quanto o perpetrado contra os americanos. Apesar de toda a dor diante da ação infame e devastadora, o governo daquele país nórdico decidiu trilhar outro caminho. Em vez de agir de modo tresloucado, o premiê Jens Stoltenberg, que, ressalte-se, teve o próprio escritório danificado, reiterou o compromisso com os princípios humanistas. Às aspas. “Não seremos intimidados por esses ataques. A sociedade norueguesa vai manter-se firme para defender seus valores. A resposta à brutal violência seguirá sendo a defesa da liberdade, da tolerância e da democracia”.

Então, amigos, é isso. Os integrantes do MSMV compreendem que devemos ser (e seremos) cada vez mais firmes no combate à atual e covarde política dominante. Cobraremos, reivindicaremos, fiscalizaremos, pressionaremos, protestaremos e exigiremos mudanças. No entanto, por termos a dimensão da gravidade do ataque que o Vitória sofreu (aliás, que já vem sofrendo há algum tempo), não nos deixaremos seduzir por soluções simplistas, que signifiquem retrocesso, e muito menos apelaremos ou faremos apologia da violência.

Afinal, não queremos a destruição do nosso Clube, mas sim o seu fortalecimento. E ele, o fortalecimento, só se dará com mais democracia, transparência, profissionalismo e respeito ao torcedor. e este novo tempo não será construído por atuais ou velhacos salvadores da pátria, mas sim por todo aquele que tem coragem e força de vontade para fazer a História. E, ela, a História, tem que ser escrita com ações cotidianas em prol destes princípios, e não somente por reações intempestivas e inconsequentemente improdutivas.

É fato que necessitamos de um técnico e de jogadores, mas precisamos urgentemente mudar a estrutura. Temos que transformar o atual estatuto do Clube, pois o problema não e apenas de nomes, mas sim de métodos.

Porém, caso você ache que este é um caminho árduo e longo como o texto que acabou de ler, então fique apenas gritando pelo retorno do pretenso Messias. Mas lembre-se de gritar, berrar e xingar sentado para não se cansar muito, pois a verdade é uma só: mudarão nomes, mas continuarão os problemas estruturais – até porque eles, os problemas estruturais, nunca foram efetivamente combatidos, seja nesta ou em antigas gestões.

Agora, se você acredita numa nova concepção de Clube, acesse o site do MSMV, cadastre-se e participe efetivamente. Este é o momento de construir a mudança. Seja senhor do seu destino e dos rumos do seu Clube.

www.somosmaisvitoria.com.br