Uma das maiores culhudas (se vocês não sabem o que é culhuda, num posso fazer nada) sobre a Bahia é a de que o ano aqui só começa depois do Carnaval.
Tal afirmação, que a princípio pode ser vista apenas como uma blague, tem como objetivo reforçar o preconceito propagado pelas elites locais de que baiano (no caso, o negro) é preguiçoso. Aliás, com o forte êxodo dos nativos rumo ao Sul Maravilha em meados do século passado, a ignomínia se propagou pelo Brasil e foi aceita e reforçada como verdade, tendo o auxílio pernicioso do odiento racismo. Tal infâmia foi desmascarada há coisa de 15 anos pela antropóloga Elisete Zanlorenzi, em sua tese de doutorado, O Mito da Preguiça Baiana.
Portanto, repito: esta história de que o ano aqui só começa depois do Carnaval é culhuda. (Ah, minha comadre, se a senhora a esta altura ainda não foi pesquisar o significado de culhuda, paciência). Mas, a verdade é a seguinte. Qualquer pessoa que conheça minimamente esta província lambuzada de dendê e de exclusão sabe que o ano aqui só começa realmente após o primeiro Ba x VI, a Mãe de Todas as Batalhas.
“Ah, entendi. Então, como neste domingo teve o clássico, finalmente estamos no ano novo na Bahia”, conclui o apressado leitor.
Há controvérsias, amigo de infortúnios – até porque aquele bolinha de gude sem vontade jogada pela dupla Ba x Vi não pode ser digna de ganhar o nome de clássico.
PUTAQUEPARIU A MARESIA!!!
Mas, chega de prolegômenos. Vamos às quatro linhas.
Antes de a bola rolar, além da expectativa do início oficial do ano no calendário baiano, havia outros atrativos para o clássico. Seria a primeira vez que o traíra, digo, o argentino Maxi Biancucchi, ídolo efêmero no Vitória de 2013, enfrentaria seu ex-clube, vestindo a camisa do rival. É fato que Uelliton também iria estrear no Bahia contra o Leão, mas o referido volante nunca foi muito benquisto na região do Parque Sócio Ambiental, Santuário Ecológico, Manoel Barradas, o Monumental Barraquistão.
Pois bem. Enquanto o tricolor apresentava estas armas, o Rubro-Negro recorria à sua divisão de base. Praticamente a metade do time era da escola campeã da primeira edição da Copa do Brasil sub-20. Destes, destaque para Mauri, um canhota habilidoso, que tem boa movimentação, mas é portador de um grave defeito que acomete os jovens hodiernamente: usa chuteira coloridas.
PUTAQUEPARIU A MÁSCARA!!!!
Diante deste quadro tenebroso, boa parte da torcida ficou desconfiada. Num estádio, Pituacisky, que cabem 32 mil e caqueirada, pouco mais de 19 mil pessoas se dispuseram a largar seus cuidados para prestigiar a peleja. É fato também que boa parte dos nativos já estão embriagados nas festas pré-momescas.
Por falar em embriaguez e carnaval, só decidi ir ao estádio porque sabia que Victor Ramos, titular da minha zaga no ano passado, tá no México e não entraria em campo ressaqueado, como era seu costume. Porém, Rodrigo Defendi, seu substituto, é mais distraído do que Victor Ramos bêbado e pensando nos peitos siliconados de Nicole Bahls ou no shortinho da Moça Gerasamba.
O problema de Rodrigo Defendi (sobrenome num é destino) não é nem ele ser ruim, até porque isso seria uma virtude para um zagueiro. A tragédia é que ele é muito mole, muito educado para uma pessoa que deve cuidar da zona do agrião como um matador de filme B. O desinfeliz é o contrário disso. Ele parece esses carinhas mudernos que usam óculos da moda, brinco colorido e trabalha em ONGs. Não ofende ninguém. Deuzulivre.
Aliás, parênteses. (Apesar de o sujeito não merecer, cabe mais umas duas linhas sobre o referido. Nem tudo nele é ruindade. Seu exemplo serve como prova cabal de que o futebol europeu e estas champions leagues da vida são torneios muito superestimados. Como assim? Assim, ó. Este rapaz esteve no Tottenham, Udinese & Roma, entre outros menos cotados como Vitória de Guimarães e Avelino. É fato que quando voltou da Europa foi direto para um time do mesmo nível de lá: o Palmeiras B).
Parênteses fechado, voltemos ao ludopédio.
E vamos direto à 31ª volta do ponteiro. Seguinte foi este. Depois de escorregar de modo bizarro, o zagueiro tricolor Titi (ex-internacional) encontrou forças para se levantar, tomar uma tabaca de Marquinhos, O GÊNIO FRANZINO, e deixar a zaga do Bahia mais aberta do que mala de mascate. No bate-rebate, Juan abriu o placar. Sobre o primeiro tempo, nada mais pode ser dito nem perguntado.
Na segunda etapa, o Vitória puxou o freio de mão mais ainda, se é que isso era possível, pois tem um compromisso de vida ou morte na próxima quinta-feira, no Ceará, valendo pela única copa que interessa neste ano da graça de 2014: a Copa do Nordeste. Assim, com um minuto de jogo, a bola ficou ciscando na área Rubro-Negra, e o zagueiro de número 4, que me recuso a citar o nome, praticamente fez um gol contra. Placar 1 x 1.
Depois disso, só cerveja Schin. Até a chuva foi enganadora. Fez que caía, mas também se guardou pra quando o Carnaval chegar.
Bom, agora resta esperar o próximo Ba x Vi no dia 23 de março para ver se o ano finalmente começa na Bahia.
Oremos.
* Texto escrito especialmente para o brioso IMPEDIMENTO
P.S. 1 Este foi o primeiro clássico depois que a egrégia Assembleia Legislativa aprovou a liberação de bebidas no Estádio. Para tristeza dos apocalípticos de plantão, num rolou nem uma dedada ou mesmo um mísero beliscão.
P.S. 2 Um dado que mostra a genialidade do regulamento baiano é o seguinte. O Galícia terminou a primeira fase, dos jogos de ida, invicto e com 8 pontos, mas ficaria fora das semifinais, enquanto o Bahia lidera o seu grupo com 5 e estaria garantido na fase seguinte. Chupa, pontos corridos!
P.S.3 Como desgraça pouca é bobagem, ainda tinha um abençoado ao meu lado (que atende pela alcunha de Robertinho), que ficava toda hora pedindo para Ney Franco colocar Alan Pinheiro. É graça uma porra desta?
P.S 4 Por fim, resta-me recorrer ao brioso Padre Antônio Vieira. Desculpe-me pela prolixidade, mas, por conta da correria, não tive tempo para ser breve neste meu retorno a esta impoluta tribuna.
fevereiro 24, 2014 às 2:17 am |
demorô!
fevereiro 24, 2014 às 2:58 am |
Alan Pinheiro é craque incompreendido! O cara é totalmente avesso à açaí com leite condensado.
fevereiro 24, 2014 às 11:58 am |
Ô, o Franciel voltou!
O Franciel voltou!
O Franciel voltou!
ÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔ!
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Franciel!
Que sumiço foi esse criatura?
Mocota tava com saudades sabia?
Mocota ficou pensando assim:
– Será que Franciel ta sumido por que ta preparando o lançamento do MSMV II?
– Será que o consorcio sequestrou Franciel para que o sábio Rubro-Negro não fizesse campanha anti-Arena 51?
– Será que Franciel foi para Recife assistir os gols de Neto Baiano?
Mas nada disso importa agora, sabia Franciel?
O mais importante é que você retornou para os braços da grande Nação Rubro-Negra.
PS – Franciel, como você é amigo do simpático Rubro-Negro Rochinha, teria como você pedir a ele para que seja agilizado algo sobre Democracia 100% no Leão?
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Eleições Diretas em 2016.
Avante Leão!
fevereiro 24, 2014 às 12:01 pm |
EM MEUS 50 ANOS NA CAPITAL PAULISTA DESLUMBREI UM FATO NO MINIMO ESTRANHO E PITORESCO AO MESMO TEMPO SOU BAHIANO DE SALVADOR NASCIDO E CRIADO NO BAIRRO DA CAIXA DAGUA< AO DESEMBABARCAR OU PULAR COMO DIZIA OS VELHOS BAHIANOS VISLUMBREI UM RAPAZ COM A CAMISA COMEMORATIVA AO BAVI E EU AO AVISTAR UM FATO TAO INUSITADO GRITEI BAVI E LOGO O RAPAZ PAROU E PASSAMOS A CONVERSAR SOBRE O FAMOS CLASSICO NORDESTINO MAS PASMEM SENHORES O RAPAZ ERA TORCEDOR DO LEAO DA BARRA TIPICO FIGURINHA DIFICIL DE SE ENCONTRAR A FAMOSSISSIMA MOSCA BRANCA FALEI RAPAZ VOCE E O PRIMEIRO TORCEDOR RUBRO NEGRO BAHIANO EM SAO PAULO E ELE RETRUCOU DE CANABRAVA E EU LHE RESPONDI VA COM DEUS
fevereiro 24, 2014 às 12:05 pm |
O PRIMEIRO BAVI DO ANO SO PODERIA DAR EMPATE O FUTEBOL BAHIANO RETOMOU O SEU LUGAR COMUM
fevereiro 24, 2014 às 12:23 pm |
Além do tal zagueiro q não deve, mesmo, ter o nome citado, digo mais: o Nego deu mole. Que venga o próximo…
fevereiro 24, 2014 às 1:34 pm |
O Franciel maresia da zorra foi vc não escrever nada por tanto tempo, até premio no futebolbahiano.com.br ganhou rapá, tome tento e acelere o jogo que meu leão te acompanha.
Sobre o jogo, de bom só ver a garotada em campo(mesmo que sem grande destaque).
P.S. Estou registrando aqui o meu repudio a ventilação da contratação do caveirinha(caveira de sardinha), da um trabalho da zorra se livrar de um barqueiro como uelinton, temos a felicidade do rival contrata-lo, e agora como revanche vamos contratar o corta rama deles? É sacanagem o simples fato de se pensar nisso.
SRN
fevereiro 24, 2014 às 2:53 pm |
“Nós que aqui estamos, por vós esperamos”!
Antes de tecer meu comentário gostaria de retificar o século de imigração africana e afrodescendente dentro do território brasileiro. Data do ano de 1850 a Lei Euzébio de Queiroz que proibia o tráfico internacional de africanos para além do Atlântico. Por conta disso e da demanda na lavoura cafeicultora, muitos africanos e afrodescendentes resididos no Norte/Nordeste (de Amaralina, inclusive), foram vendidos para os referidos barões sudeísta. Enquanto a preguiça e a malemolência da literatura de Jorge Amado deixo aqui uma coisa que aprendi nas aulas de Geografia, no livro “o mito da necessidade”: “o povo nordestino colonizou primeiramente o Brasil” (http://books.google.com.br/books/about/O_mito_da_necessidade.html?hl=pt-PT&id=o5GyAAAAIAAJ). Mas sobre o jogo… uma bosta!
fevereiro 24, 2014 às 3:00 pm |
Ô, sacrista. Falo aí da leva de baiano para o sul – e não da imigração africana. Preste atenção no serviço, disgrama.
fevereiro 24, 2014 às 3:16 pm
Pois bem, meu rábula do ludopédio: […] quando Tia Ciata tava nascendo, lá na terra do Sodomita do Recôncavo, a lei parlamentar exigia dos escravocratas baianos mudar os investimentos e garantir o bambá, já que a Revolução Industrial inglesa exigia transformações na relação capital trabalho nos países credores do seu capital. Os escravocratas do Recôncavo criaram a Casa da Torre, que futuramente se chamaria Banco da Bahia e outro grupo, Aliança da Bahia, que deu origem ao Banco Econômico. Entre 1854 a 1888 (antecedendo a Lei Áurea), ou seja, uma década antes da fundação do Gloriosos Esport Club Victória, aproximadamente metade da população atual de Feira de Santana largou seus caramanchões, terreiros e ofícios, rumo ao Vale do Paraíba para produção do Ouro Negro (café).
fevereiro 24, 2014 às 3:38 pm
Ô, disgrama. Preste atenção. Estou falando sobre a imigração nordestina/baiana na década de 50 do século passado, quando se difunde o Mito da Preguiça baiana. E quem fala num sou eu não, é a autora da tese de doutorado.
Agora, preste atenção nas quatro linhas que seu futebol tá mais lento e improdutivo do que o de Juan.
fevereiro 24, 2014 às 4:38 pm
Rapaz, o Otávio Mangabeira, aquele que dá a Arena o seu antigo nome, soube bem do prejuízo que lhe afortunou. A falta de investimentos na agricultura sertaneja,na incipiente indústria, e a política de migração estrangeira implantada desde os tempos de Luis Vianna, heranças higienistas até hoje presente na administração municipal, fez do nosso estado, em 1950, o maior número de emigrantes do país. 115 mil/ano. A própria extensão territorial, aliada aos fatores apontados, aproximaram muitos baianos a migrarem para o sul maravilha.
fevereiro 24, 2014 às 4:43 pm |
AO CONTRARIO DO QUE FALAMOS O NORDESTINO NAO ESTA EM PRIMEIRO) LUGAR NA IMIGRAÇAO DO SUL MAS SIM OS CAMPEOES SAO OS MINEIROS
fevereiro 24, 2014 às 5:32 pm |
Além de não defender bem, o zagueirinho que é tão ruim quanto Dão quando resolve ir ao ataque é só pra fazer falta no adversário dentro da área, se bem que Ayrton também deu uma ajudazinha para o gol das sardinhas que já estão fazendo carnaval depois deste empate
fevereiro 24, 2014 às 8:54 pm |
Quero ver o caveirão no vicetória. Acho que vai dar jogo.
fevereiro 24, 2014 às 10:19 pm |
O nome é caveirinha, caveira de sardinha.
fevereiro 25, 2014 às 1:25 am |
Em casa arrumada se entra descaço! Na falta Escudero, sou mais você com esse joelho podre!
fevereiro 24, 2014 às 9:06 pm |
HAHAAHAHAAHA Como sempre, um texto muito bom. Rir muito. Boa analise.
fevereiro 24, 2014 às 11:22 pm |
CAMISA DO VIXETORIA DA BAHIA EM SÃO PAULO E ALGO SOBRENATURAL
fevereiro 25, 2014 às 1:27 am |
Ledo engano, Toletinho fedorento de sardinha podre!
Minha cunhada desfila na Paulista e Vila Mariana e logo e perguntada sobre o Leão penta campeão do Nordeste.
fevereiro 25, 2014 às 5:17 pm |
CANJICA AZEDA O UNICO LEAO QUE E FAMOSO EM SÃO PAULO CHAMA SWE SPORT CLUBE DO RECIFE O LEAO DA ILHA DO RETIRO E NAO ESSA LEOA GAY SEM JUBA FALOU OTARIO
fevereiro 26, 2014 às 11:24 am |
“Ser famoso em SP” agora é mérito, é?
fevereiro 26, 2014 às 7:13 pm
Pergunta pra o zé ruela que mora há 50 anos em SP.
fevereiro 27, 2014 às 10:46 pm |
CANJICA AZEDA E CALDO DE MOCOTO ETA DUPLINHA ESTRANHA TERIAM VINDO MDE OVINS AGORA ME LEMBREI SAO DO MSMVV MINHA SINA MEU VICIO VICE
fevereiro 28, 2014 às 4:06 pm |
devemos respeitar este momento tao tragico na naçao rubro negra
março 1, 2014 às 8:09 pm |
E põe trágico nisso! Acabaram com o meu carnaval.