A ESTÚPIDA LABUTA

Embebido nas vastas emoções e pensamentos imperfeitos advindos de mais uma inolvidável Impedcopa, só agora, passadas as regulamentares 48 horas, consigo pegar o papel e a caneta para rabiscar algo sobre a peleja entre Vitória x Botafogo na infame cidade de Volta Redonda, lugarejo que perde em feiura até para a horripilante Candeias.

PUTAQUEPARIU O DESMANTELO!!!

E já que adentramos pelos descaminhos das assombrações, faz-se mister registrar que a maldição se repetiu uma vez mais no jogo entre estas duas equipes condenadas eternamente ao épico opróbrio, se é que o opróbrio pode ser épico. Pouco importa. O fato é que, em se tratando de desgraças, nada se compara a um Vitória x Botafogo, clássico que envolve dois times que sempre pisam, distraídos, nos gramados da vida e da morte com uma inquebrantável vocação para a infâmia – seja lá que porra isto signifique.

E, no último domingo, não foi diferente. Menos de cinco minutos de bola rolando (bola rolando no caso é um eufemismo) e Kieza, principal matador do Leão, já havia perdido um gol de cara. Na sequência, sem dar tempo nem para xingar o centroavante, o menino Flávio é atingido na cabeça e entra em convulsão. Minutos seculares de terrível suspense.

Exatamente por coisas assim que, já disse aqui e alhures, mas repito. Quando estas duas centenárias agremiações diplomadas em matéria de sofrer se enfrentam, as mais terríveis tragédias gregas transformam-se em meras e apenasmente adocicadas sessões da tarde. Afinal, a peleja entre o Rubro-negro baiano e o Alvinegro carioca está para muito além do bem e do bem, com diria Zé bigode. Os times já entram em campo com aquele tradicional gosto amargo de coturno de sargento no canto da boca.

Pois muito bem. Depois do infausto acontecimento envolvendo Flávio, era óbvio que a equipe poderia continuar com somente 10 em campo, cada um correria um pouco mais em honra do machucado e tava tudo certo. Porém, Mancini inventa de colocar Tiago Surreal, um sujeito que é mais improdutivo do que galinha ciscando em terreiro de festa junina.

Óbvio que, depois deste crime, o castigo viria a galope. A segunda etapa nem começa direito e o Botafogo faz 1 x 0, após um coice do atacante Sassá. Como desgraça pouca é bobagem, o técnico do Vitória comete seu segundo e inexplicável erro: tira o displicente Dagoberto, que já entra em campo cansado, e coloca o inominável Vander. E o pior. Como o Estádio da Cidadania é menor do que o campo aqui no Boqueirão, no Nordeste de Amaralina, o sujeito vem jogar (jogar é modo de falar, num reparem, não) exatamente ao lado deste rouco e exausto locutor.

Respiro, junto minhas últimas e parcas forças e grito. “Mancini, sinhá mizera, inverte aí. Bote Marinho para jogar aqui na esquerda, próximo ao alambrado, e a desgraça do número 17 para atuar do lado de lá”. Ao ouvir minhas orientações, um amigo de infortúnio retrucou. “Mas, Sêo Françuel, isso num vai resolver nada. Afinal, Vander num pratica o futebol nem deste lado nem do outro”. Então, larguei o doce. “Claro que vai. Ao menos, aquela injúria, também conhecida como pica tonta, ficará zanzando longe de mim”.

Foi a única coisa boa que Mancini fez no jogo. E, ainda, em um lance todo malamanhado, conseguimos o gol de empate já nos estertores da peleja.

Sim, minha comadre, é fato que perdemos dois pontos, pois empatar com este atual elenco do Alvinegro carioca é uma derrota, mas, com Vander jogando longe de mim, pelo menos as minhas 18 pontes de safenas pararam de incomodar tanto.

P.S Esta homilia vai dedicada à insana galera do Vitória 40º, que vive exilada no Rio de Janeiro.

 

Se Mancini num colocasse Vander para correr do outro lado do campo, bem longe de mim, este safenado e cabeludo locutor sofreria uma convulsão muito mais grave do que esta de Flávio.

2 Respostas to “A ESTÚPIDA LABUTA”

  1. Elmo Campos Says:

    Toda vez que Mancini coloca em campo, Vander, Dagoberto, Pica Pau… ou qualquer outro ponta que não seja Marinho, um ditado me vem a cabeça, de onde menos se espera é que não sai nada mesmo!

  2. geno Says:

    De qual é mermo, mano. Agora ver Amaral de armador, Fernando Miguel botando Caíque no banco e levando 03 gols dentro da pequena área sem sair em direção à bola, é desgraça pouca, Vander tem que jogar para cortar para dentro e bater com perna direita que é a única jogada que cara tem. Mas que tem isso, se garrincha, todos sabem, só tinha uma jogada e era com ela que fazia sucesso era ovacionado?

    Vander não é o pior ingrediente desse bolo temperado por Mancini.

    Temos que parar de tomar gol, e para isso, proponho jogar no 3, 5, 2 com a entrada de Kanu como líbero e liberar os alas e, claro, tirar Fernando Miguel, urgente do gol, pois ninguém aguenta mais tomar gol dentro da pequena área sem o goleiro sair ao encontro da bola.

    Aí poderia jogar Leandro Domingues, desde o começo – já que não marca zorra nenhuma – tirando o pachorrento Amaral e sua bunda de trezentos quilos.

    Ou isso, ou nada.

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