Olho no lance!

Outro dia, num jogo qualquer (viva a inexatidão!) do Sport de Recife, Sandro Goiano abandonou a grossura que lhe é peculiar e tentou de sua intermediária fazer um gol por cobertura. Ato contínuo, o locutor largou algo maizomenos assim: “Quase que ele faz o gol que Pelé não conseguiu”.

Putaquepariu a mulher do padre!

É inacreditável como algumas pessoas não têm o mínimo pudor de colocar Sandro Goiano e o menino Edson na mesma frase. Se o Brasil fosse um país sério (De Gaule, Charles; mil novecentos e lascou a boca) deveria existir um artigo nas constituições federal e estaduais proibindo tamanho acinte. Não se pode admitir figuras tão díspares juntas, nem em benefício de hipérboles ou analogias. Isto é simplesmente inconcebível.    

Mas, o fato é que basta qualquer perna de pau dar um chutão de meia distância, que esta ladainha volta. E se a criança balança as redes é pior ainda, pois as injúrias nos azucrinam o juízo por séculos com a seguinte cantilena: “Zé Mané conseguiu ontem fazer o gol que nem Pelé fez”.

Putaquepariu a mulher do padre!

Toda vez que ouço tal disparate ( e ele, o disparate, se repete com alguma constância), tenho vontade de rumar uma pedra na TV. 

E por que esta prosa extemporânea? Questiona-me a erudita ouvinte. E eu respondo:  por conta do tumulto que alguns estão fazendo em relação ao lance de Anderson Martins no último sábado no Engenhão. Eu nem bem havia saído do Estádio e alguns já começavam a comparar a braga de meu zagueiro com aquela entregada de luciano almeida, que deus o tenha, na peleja contra o Vasco. 

Parem com isso, amigos, pois em verdade vos digo: não cabe a comparação. Anderson Martins, apesar da falha, tem categoria e serviço prestado à nação Rubro-Negra. Já aquela carniça não passa disso: uma carniça.  Portanto, não tem sentido ficar repetindo esta história de que Anderson Martins deu uma de luciano almeida (deixa em caixa baixa, maestro).  Nécaras.

Aliás, noves fora esta diferença fundamental, ainda há outra questão. Os lances são distintos. Na partida contra o Vasco pela Copa do Brasil, o desinfeliz estava de frente para o lance, com a proteção de Victor Ramos, com a bola razoalvemente sob seu controle e deu de bandeja para Carlos Alberto.

Já no último sábado, no Engenhão, a lambança começou a partir de um chute bizarro de Viáfara (o quarto seguido naquele jogo) que pegou a zaga no contrapé, de calça curta. É óbvio que Anderson falhou. Isto não está em discussão. O que temos que parar com urgência é esta satanização para com a nossa divisão de base, que, repito, será nossa salvação este ano. 

Assim, amigos, recomendo-lhes que não acertem seus relógios por este rebain de miséra que procuram dança de rato em tudo. A verdade é uma só. Ou melhor, são duas. Nem Sandro Goiano pode estar na mesma frase que Pelé, nem luciano almeida merece abrigo no mesmo parágrafo que Anderson Martins.

Então, galera, como diria Sílvio Luiz, olho no lance para não ficarmos repetindo algumas bobagens que servem apenas para tumultuar o ambiente. Se querem falar algo, façam como a população do Norte e Nordeste de Amaralina, que não se cansa de repetir as seguintes palavras da salvação:

UMBORA BITÓRIA,  CARAJO!