Viáaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaafara

O ponteiro do relógio marcava 16 minutos do 2º tempo e o placar ainda estava em apenas 1 x 0 quando Neto Baiano tirou uma onda de craque e bateu um penalty com a displicência dos canalhas. Exatamente neste instante, começou a rodar na minha maltratada memória um filme que, de súbito, denominei com um título não muito comum e extremamente longo. Eis: “Dois homens e um destino: me matar de raiva. De raiva, não, de ódio ancestral”. Como não gosto de cinema de suspense, vou dizer ainda neste parágrafo os nomes dos miseráveis: Celso Roth e Juninho.

O primeiro, retranqueiro juramentado, comecei a desprezar no final do século passado, mais exatamente no ano da graça de 1998. Nesta ocasião, este sujeito me fez ter um desprezo inominável para com os técnicos de futebol. Aos que não sabem o que aconteceu, informo: o desinfeliz colocou no banco um dos mais brilhantes jogadores que já vestiram o manto Rubro-Negro, o sérvio Petkovic. Argumentação? Ele não marca. Putaquepariu a mulher do padre! Graças aos céus, pouco tempo depois, Celso Roth foi demitido e nunca mais voltou para me assombrar. Já Pet continuou aqui desfilando com sua categoria.

Já o outro canastrão da referida película, o frangueiro, fez sua mais desastrada apresentação no dia 9 de junho de 2004, nas semifinais desta mesma Copa do Brasil. Na ocasião, o Rubro-Negro baiano, treinado por Agnaldo Liz, era franco favorito à vaga na final inédita da competição. Porém, numa saída bizarra de bola, o referido entregou a rapadura e Fabiano Eller fez 1 x 0 para a disgrama carioca. Depois, neste mesmo ano, acabamos rebaixado para a Segundona.

Pois bem.

Ontem – quando o ordinário defendeu o penalty, e o canalhocrata no banco atleticano vibrou – rolou o tal filme em minha cabeça: “Dois homens e um destino: me fuder”. Sim, estava tão nervoso que mudei até o nome da maldita obra. Pra acabar de lenhar a porra toda eu não podia orientar a equipe, pois estou rouco desde a conquista do Tricampeonato. E suportava todo aquele sofrimento sem conseguir ao menos fazer um xingamento para estes dois fidumasanta porque meu estoque de cepacol já havia acabado no último domingo.

E quanto mais eu me raciocinava, mais a situação se complicava. Tudo conspirava contra. Desde a terça-feira que os times nordestinos só levavam ferro. Primeiro, o Sport, depois CSA, Fortaleza e Náutico. Foi então que, assim, do nada, fez-se o estalo, tal e qual aconteceu com o menino Vieira. Seguinte. Se os santos da região não dão jeito, resta apelar para os forasteiros. E, como nos mais inacreditáveis filmes de Sessão da Tarde, minha voz voltou repentinamente e eu gritei o nome de um santo colombiano, acordando todo o Norte e Nordeste de Amaralina:

Viáaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaafara

E fez-se a luz. Pronto. Eu, que sempre anulo o voto, agora já tenho um nome para sufragar na eleição presidencial do ano que vem. Na cabine indevassável apertarei 1, o número do melhor candidato a comandar os destinos do país. Repetindo:

Viáaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaafara

 

P.S Antes que os adeptos do defunto de itinga venha pra cá se abrindo mais do que mala de mascate, reproduzo logo as palavras do bispo Renan Santana: “Só sente emoção quem tá vivo, rebain de miséra”